segunda-feira, 25 de outubro de 2010

CLINT EASTWOOD ACERCA DE MANOEL DE OLIVEIRA

Filmar até aos 100 como o Manoel de Oliveira? SIM!
Filmar COMO o Manoel de Oliveira? NÃÃÃÃÃÃOO!!

Os nossos 20 anos de diferença não
são desculpa para seus filmes serem tão
chatos,  HÁ 20 ANOS os seus filmes
JÁ ERAM CHATOS!
Num país onde fica mal dizer-se que se leu isto ou aquilo, confesso que de vez em quando deu uma vista de olhos no site do Correio da Manhã, geralmente para saber qual o DVD (+1.95€) de sexta-feira ou saber quais são as más notícias do dia ( que esse jornal é pródigo a anunciar ). Também gosto de ler as exposições descaradas que fazem das tramas do nosso (des)governo sem vergonha, infelizmente sem nenhuma repercursão a não ficarmos ainda mais deprimidos e com sentirmento de culpa por termos votado nesses estafermos.

Mas voltando ao artigo, isto é um blog de cinema e aqui transcrevo ( sem autorização ) um texto que está na edição online de 25 de Outubro do Correio.

Clint Eastwood aponta Manoel de Oliveira como exemplo

“O actor e realizador norte-americano Clint Eastwood apontou o cineasta português Manoel de Oliveira como um exemplo a seguir, esperando continuar a fazer filmes tanto tempo quanto o autor de 'Vale Abraão', que está perto de comemorar o 102.º aniversário.

Falando a jornalistas no Festival de Cinema de Nova Iorque, onde foi apresentar 'Hereafter', a sua nova longa-metragem, o realizador de 80 anos negou ter planos para reformar-se. "Há um português com mais de 100 anos que continua a fazer filmes. Planeio fazer a mesma coisa", garantiu Eastwood. Na mesma conferência de imprensa, Eastwood disse que nunca entendeu a razão de cineastas como Frank Capra e Billy Wilder terem deixado de realizar aos chegarem aos 60 anos.”

Pois bem, ao honorável e gigantesco Clint Eastwood só posso pedir um aplauso em pé pela sua humildade. Porque aqui temos um realizador/actor que financiou os seus próprios projectos muito intimistas e pessoais com o que ganhou com papéis de actor duro-de-roer que passava a maior parte do tempo a partir os cornos/rebentar os miolos dos vilões, ao mesmo tempo que com um simples olhar dizia "vou-te matar a ti, aos que vieram antes de ti e já morreram e aos que ainda estão para vir e nem vão ter tempo para nascer". Porque aqui temos um realizador/actor cheio de coragem que nos fez esquecer que por trás de um Harry Callahan ou um sargento de ferro está alguém que se atreveu junto com outro durão do cinema chamado Lee Marvin entrar( e cantar) numa comédia musical disfarçada de western, ou num melodrama romântico muito apreciado por mulheres casadas de meia-idade. Porque aqui temos um realizador/actor com uma série nomeações e prémios ( incluindo Oscars ) bem merecidos.

E principalmente porque ( e é aqui que provavelmente a maltinha intelectual, alguns com cursos de cinema me vai cruxificar ou simplesmente chamar-me fascista decadente ) um filme de Clint Eastwood é infinitivamente mais interessante que a obra inteira do Sr. Manoel de Oliveira! Sr. Eastwood, a sua humildade e elogio a uma nação como a nossa que cada dia que passa tem mais vergonha de si própria é de agradecer, mas julgo eu que nunca viu um filme de Manoel de Oliveira. Que o tome como exemplo continuar a filmar até aos ( e se possível para lá dos ) 100 anos, então que cumpra muitos porque é bom saber que uma das cinematografias mais interessantes dos últimos 20 anos se estenderá por muitos mais. Mas por favor não seja tão humilde ao ponto de se “humilhar” comparando-se com a viva imagem do cinema português; lento, antiquado, desinteressante, penoso, etc. Porque o cinema de Manoel de Oliveira é como ele próprio: parado no tempo. Não envelhece…mas também não sai do sítio. E por mais que se carregue no FFWD…continuamos com os mesmos filmes de terror; filmes de terror com zombies que estão ( muito ) mais mortos que vivos e que conseguem matar os espectadores de tédio.
Porém, e antes que os intelectais me venham atirar com tudo em cima incluindo claro citações em francês de autores que eu nunca ouvi falar( se bem que isso provavelmente não aconteça porque ninguém lê este blog)…talvez a culpa seja minha! Talvez eu não tenha a humildade para me considerar mais que um portuguesinho burguês e inculto, 1 burru incapaje d izcrever 1 fraxe xem dár errus! Talvez eu não tenha o valor suficiente para reconhecer a sua extensa obra de mais de 50 filmes…mas quantos desses foram “tragáveis”? Talvez eu não tenha a personalidade para reconhecer que filma pelo prazer de filmar e não pelo êxito…se é assim quem financia os tais filmes que não são vistos por ninguêm, tal passatempo pessoal? Talvez eu não tenha respeito pelos mais velhos ou seja pura e simples inveja…pois bem, por respeito a tal extensa obra seria tão bom que tal servisse de exemplo para os nossos jovens talentos em vez de aliená-los ou fazê-los fugir a sete pés do cinema português…
Enfim…continuamos sendo o país dos recordes sem grande sentido, mas talvez isso faça parte da nossa identidade: o realizador em termos quantitativos com a maior e mais aborrecida cinematografia; o país com os jogadores de futebol mais caros, tão caros que só jogam no estrangeiro e quando vêm jogar para a selecção nacional por tuta-e-meia só nos fazem passar vergonhas; o país das tradições tão bolorentas que cheiram a podre, e que tenta progredir com modernices que só cheiram a nojo; o país do recorde do maior bolo-rei, do maior pão de ló, do maior “coloque neste espaço o género alimentar”; o país com maior número de recordes parvos como encher mais balões em tanto tempo; e provavelmente o país democrata com a maior e mais descarada corrupção per capita do mundo; porque haverá sempre alguém a querer comparar-nos com o 3º Mundo para nos lembrar que até não estamos mal de todo…





segunda-feira, 18 de outubro de 2010

20 ANOS DE IMDB.COM

Parabéns IMDB.COM

Manter um blog é uma tarefa por vezes bastante ingrata, especialmente se apenas umas 100 pessoas o conhecem, umas 10 o lêem e muito raramente pelo menos 1 deixa um comentário. E apesar do blogger.com ser um muito bom serviço de blog, quando se trata de aplicar formatações, imagens e links as coisas complicam-se. Não há, confesso, motivação para escrever ( agradeçam à escória que nos governa ), e ninguém o lê ainda menos, mas sempre que encontre o motivo suficiente continuarei a escrever ( ou tentarei ).

Col Needham, membro fundador do IMDB.com
e actual General Manager desde a aquisição

do site pela Amazon.com
À data que escrevo este texto acho que ainda vou a tempo de dar os parabéns ao site mais importante para um cinéfilo e para o cinema em geral: o www.imdb.com ( Internet Movie DataBase). O certo é que há 20 anos que o que começou como um simples bulletin board tornou-se não só uma referência mas também algo que pode ditar o sucesso ou o fracasso de um filme. E dou comigo a relembrar o que se passava há 20 anos por esta altura…Arnold Schwarzenegger era o actor mais famoso ( e impronunciável ) do mundo, Kevin Costner tinha Hollywood a seus pés ( antes de Hollywood o esmagar com os seus pés com Waterworld ), Julia Roberts dava dignidade à profissão mais antiga do mundo, um puto loiro irritante fazia estragos sózinho em casa, Tim Burton e Johnny Depp descobriam que a única diferença era que um era mais bonito que o outro porque a bizarrice estava lá toda, James Cameron revolucionava (novamente) os efeitos especiais, Tom Hanks afastava-se da comédia parva para papéis mais sérios, Spielberg preparava-se para diferentes ( e bem sucedidos ) projectos, Tom Cruise, Dustin Hoffman, Bruce Willis, Mel Gibson, etc, começavam a ferquentar a lista dos actores mais bem pagos e Van Damme e Steven Seagall tornavam-se por um breve período de tempo estrelas de acção no cinema enquanto Chuck Norris era atirado para as cassetes VHS…
Não me vou pôr aqui a contar a história do imdb.com , quem a quiser saber faça o favor de ler o artigo da wikipedia, que é o que se faz hoje em dia para ( quase) tudo. O imdb.com nunca terá a importância social que por exemplo há quatro anos o youtube e este ano o facebook têm. Isso porque apesar de ser um dos sites mais visitados em todo o mundo, o imdb.com apenas interessa no mínimo a quem quiser estar a par das próximas novidades nas salas de cinema, e no máximo a grandes produtores/ actores/ realizadores. Mas se tirarmos a wikipedia que vendo bem é uma enciclopédia online, o imdb.com deve ser das bases de dados mais visitadas em todo o mundo. É sempre uma agradável surpresa encontrar filmes obscuros que afinal mais alguém os viu e comentou. O imdb.com deve ser o site mais democrático do mundo, porque é um fenómenos de massas para os blockbusters, e também um fenómeno de culto para aqueles filmes que por alguma razão ( a maior parte das vezes por sempre uma merda autêntica ) não resultaram. E é pelo imdb.com que se pode saber o nível de aceitação de algum filme/ realizador / actor .Como tudo está interligado, não surpreende que haja um certo sabor a teoria de conspiração massificada, por isso não surpreende que o grande Christopher Nolan tenha quase todas as suas obras na lista dos 250 melhores filmes e o execrável Uwe Boll exactamente o contrário. Mas todos sabemos que uma democracia na teoria funciona e na prática não tanto; daí que em 100 posts, 1 seja minimamente inteligente, e quase todos autênticos atentados à lingua inglesa por parte naturais de países anglófonos. Comentários mais comuns: “This is crap because is boring”;”Is he gay?”;”Dubbed or original?”;”I would bang her” e outras pérolas. E sendo isso aceitável para porcarias destinadas ao público adolescente e outras pseudo-celebridades de puteiro de luxo/lixo como a Paris Hilton, como será possível que tenham que enfiar obras primas como o NOSFERATU no mesmo saco de vampiros de meninas como o TWILIGHT? Basta visitar a página do famoso crítico Roger Egbert e descobrir que ele tem tanto de presunçuoso como de odiado pelo espectador comum. Está certo que quem define o sucesso de um filme é o público e não a crítica ( senão STAR WARS – A AMEAÇA FANTASMA não estaria entre os maiores sucessos de sempre ); e certo está que os críticos por vezes são um nojo maior que os próprios filmes por si tão arrasados…mas isso faz-nos pensar no mundo e na espécie que somos: que raio de mundo seria este se todo o mundo concordasse com tudo, já que está na natureza humano dar cabo do próximo? E claro, na lista nos piores filmes de sempre estão filmes tão maus que se tornam bons nem que seja pelo interesse suscitado! Um dia falarei dessa experiência completamente surreal chamada MANOS THE HANDS OF FATE, tão mau e obscuro que quando se pensava ( ou seja…uma das pessoas que se lembravam disto por terem trabalhado no filme ) que tinha caído no esquecimento, foi recuperado por uma original rubrica de bad movies chamada MSTK 3000, e hoje em dia tem uma fiel legião de seguidores no imdb.com que lutam para manter o nível de pontuações o mais baixo possível. Dá que pensar que há filmes tão maus que estarem na lista dos piores é sinal que um dia serão obras de culto…

Pois é, não me sinto nada inspirado para escrever hoje, tanto que nem vou colocar links para os títulos, hoje vou ser democrático…tanto que quem quiser vá procurar no google.

E sendo o imdb.com um site democrático, mediador mais-ou-menos imparcial do cinema passado/presente/futuro, e carregado de polémicas como seja o sistema de votos, ou a viabilidade das críticas/comentários do público…mudaram o layout do site a que estavamos habituados há mais de 1 década para algo muito parecido com o facebook...
O bom é que os utilizadores registados como eu ( ou seja, aqueles que podem postar comentários, votar, ect ) podem modificar as preferências para o layout original a que estavamos tão habituados; o pior é que nem os utilizadores registados estão muito informados disso…

Tipicamente imdb.com …

E para terminar, o link para o testemunho de Col Needham, fundador do imdb.com . Se eu estou a escrever isto há 30 minutos contra o tempo para ainda postar isto dia 17 e amanhã/hoje/sei lá dia 18 FAÇO ANOS, PARABÉNS A MIM PARA QUEM SE TÁ SEEEEEMPRE A ESQUECER, imaginem o tempo que ele demorou LOL.
http://www.imdb.com/features/anniversary/2010/letter


Parabéns, imdb.com , e que um dia eu tenha a honra ( ou melhor, sorte ) de figurar na tua base de dados ( de preferência na lista dos melhores eheh ).

PS: azar...postei isto 12 minutos atrasado. Assim sendo...parabéns para mim!



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

EM MEMÓRIA DO MEU PAI

1 Ano depois...

Hoje meu post é muito pessoal. Faz hoje exactamente 1 ano que meu pai partiu após anos a debater-se com essa doença cruel chamada Alzheimer. Qualquer homenagem que eu lhe faça será insuficiente para alguma vez dar a conhecer o grande homem e imenso ser humano que ele foi, e dos gostos que ambos partilhavamos em comum, o cinema era um deles. Desde a sua infância em filmes antigos projectados em barracões na antiga colónia portuguesa de Goa, passando por filmes contemporâneos dos anos 60 nas escassas licenças em Bissau, Guiné, aos drive-ins da cosmopolita e elegante Lourenço Marques(Maputo), Moçambique, até aos westerns spagettis e filmes de “pancaria” com os magos Bud Spencer e Terence Hill dos anos 70 no antigo cinema de Tavira e ao aluguer quase diário de cassetes de video nos anos 80, dele herdei o gosto pelo cinema. Não em vão uma das coisas que eu aprendi a fazer antes de ver um filme era ver a ficha técnica e reconhecer os seus actores, com a crença ingénua que isso bastava para saber que estaria vendo um bom filme.
Hoje em dia temos dezenas de canais graças à TV Cabo. Eu não tenho TV Cabo em casa porque o único programa que vejo na televisão é diariamente o Meu Nome é Earl, e não preciso nem quero ver noticiários que se limitam a falar-nos em desgraças que nos põem em dúvida se valerá a pena sair da cama, porque da crise melhor nem falar porque não precisamos de ouvir um mentiroso de cabelo branco a dizer-nos num momento que as coisas estão a correr bem para no dia seguinte sentirmos na pele exactamente o contrário.
Há 30 anos não era bem assim. Ir ao cinema com meu pai era uma experiência quase religiosa, a sensação estranha de ver um écran enorme a cores à frente de meus olhos quando em casa apenas havia uma televisão a preto e branco. E quanto à programação, apenas havia dois canais, a RTP1 e a RTP2…cujo sinal não chegava a Tavira. A programação da RTP2 era um imenso mistério numa altura em que eu aprendi a ler, a tentar compreender que estranhos programas seriam aqueles que apareciam nas páginas dos primeiros números da TV Guia no canto inferior direito da página ímpar, que ocupavam um terço da coluna porque os programas eram poucos e a emissão começava e terminava a determinadas horas. Hoje em dia há programação ininterrupta em todos os canais, sejam repetições, patéticos programas de televendas, há 30 anos e apenas quando nos deixavam ficar até um pouco mais tarde acordados, os miudos da minha geração aprendiam o hino nacional com o fecho da emissão. E o Festival da Canção da Eurovisão era um evento capaz de reunir toda a família qual ceia de Natal, e era altamente antecipado. O pouco que havia podia não ser bom mas satisfazia e muito. E depois algo que não vejo há anos em nenhum canal: uma mira técnica. O sinal emitido pela estação de televisão quando não havia programação, uma imagem fria e cinzenta que durava até altas horas da madrugada, até ser substituida pela filmagem de um relógio analógico minutos antes da abertura de emissão.

Isto era o único que quem morasse em Tavira em finais dos anos 70 veria
caso ligasse a televisão depois do fecho de emissão. E sim, de nada
adiantava ter uma TV a cores porque o sinal era a preto-e-branco...

E no cinema SUPERMAN, um dos primeiros grandes filmes que me lembro de ter visto no grande écran. E a atroz série de TV d´O HOMEM ARANHA cujo episódio piloto lembro-me de ter visto no cinema como se de uma grande produção se tratasse. Mas na altura isso não interessava. E os já mencionados filmes de Bud Spencer e Terence Hill, gargalhadas bem dadas, o famoso soco de martelo, vilões idiotas virados ao contrário com cada selo, mesmo quando eu ainda não compreendia nada do que se passava no écran. Por ver no cinema ficaria O ABISMO NEGRO para meu grande pesar porque nunca chegou a Tavira. ET…só vi quando deu na televisão.
A chegada das emissões a cores a Portugal nos anos 80 foi como uma mudança da noite para o dia. A programação era má, muito má mas era o que havia…salvavam-se os filmes que eram anunciados. E o aumento de potência das antenas receptoras. De repente em Tavira apanhavam-se DOIS canais de TV. Mais importante, qual upgrade completo, a aquisição de uma televisão a cores quase que obrigava a instalação de uma antena mais potente que apanhasse os dois canais espanhóis, TVE1 e TVE2. Em 6 meses toda a minha gração aprendeu a falar “castelhano” quase correctamente à custa de uma programação variada e completamente dobrada. Até a mira técnica ( chamada carta de ajuste ) parecia um salto quantitativo com um relógio digital incluido. Ah, como a vida era simples nessa altura…
Mas na altura ainda não havia video-gravadores em casa. Cada filme tinha uma vida comercial que podia levar anos, e até ser emitido na televisão não seria uma questão de minimamente 6 meses; muito provavelmente levaria 6 ANOS. E até esse dia chegar, a sua exibição em TV seria anunciada se preciso fosse com meses de antecedência, porque o país parava nessa noite para ver um filme popular. Esqueçam a exibição em estreia absoluta das tristes tardes de domingo; desnecessário dizer que a programação de filmes na época natalícia era simplesmente ÉPICA, e a passagem de ano muitas vezes era uma maratona de filmes conhecidos até madrugada porque era a única maneira de se poder vê-los.
Lembro-me perfeitamente que ficar a ver filmes na televisão com meu pai quando o resto da família já dormia. Lembro-me de actores que meu pai considerava “sagrados”, os grandes durões do cinema como Charles Bronson, Clint Eastwood, Lee Marvin, Sean Connery ( como James Bond, claro ),Steve McQueen, Charleston Heston e não perdia nenhum filme que desse com eles. Lembro-me de nunca me ter obrigado a ver um filme ( com excepção da magnífica mini-série JESUS DA NAZARÉ mas pronto, somos uma família de raízes bem católicas ) nem eu ter pedido para ficar acordado para ver algum filme; simplesmente meu bom e velho amigo dizia-me “hoje dá um filme bom com actor tal, já vi há muitos anos”. E despertava-me a curiosidade. Meu pai gostava de filmes de acção pura e dura; conhecia todos os filmes e actores; eventualmente ali estava eu vendo filmes que não eram para a minha idade e isso ainda despertava mais o meu interesse pelo cinema. A não ser que o filme tivesse sido anunciado com cenas eventualmente chocantes como O CAÇADOR, eu podia vê-lo; ironicamente eu próprio não o via voluntariamente se soubesse isso, retirando ao meu pai a proibição de ficar a ver o filme. Ah, como nós nos entediamos perfeitamente um ao outro :D. Mas não era apenas porrada pura e dura que viamos. Embora ele adorasse um filme de guerra, policiais, uma boa “cobóiada”, qualquer dos primeiros 3 filmes do Dirty Harry ( e como tal qualquer filme com Clint Eastwood ), e se lembrasse sempre saudosamente do Steve McQueen ( falecido em 1980 com cancro nos pulmões devido ao tabaco que meu pai pura e simplesmente odiava ), filmes com Jerry Lewis ou Peter Sellers ou o Rat Pack ( Dean Martin, Frank Sinatra, etc ) eram quase “obrigatórios” e cada emissão da série da PANTERA COR DE ROSA eram garantia uma noite de gargalhadas. E Alfred Hitchcock passou a ser um nome familiar. Também graças a ler passei a conhecer e reconhecer actores mais clássicos como James Stewart, John Wayne, Errol Flynn, Gregory Peck, Johnny Weissmuller ( Tarzan ), Chaplin ( claro ), Humprey Bogart, James Cagney ( que ele chamava de "pequenino" ), a lista é demasiado extensa. E claro, também os grandes actores dos anos 60/70 como Al Pacino, Robert de Niro, Dustin Hofmann, Sidney Poitier, Kris Kristopherson, Gene Hackman, Roy Scheider, etc.
Fiquei mesmo a conhecer actores quase sempre atirados para os papéis de “mau” que se tornaram figuras de culto ( alô, Sr. Tarantino, não és só tu que conheces o William Smith(?), ou o Henry Silva(?) antes de nasceres já meu pai os conhecia )).
Assim, em jeito de homenagem, aqui estão alguns dos filmes que tantas vezes vi junto com meu pai numa época em que ver filmes conhecidos na televisão era uma raridade, filmes que ele considerava BONS! Filmes que me fizeram um dia sonhar em ser realizador. Ai, paizão, nem sabes a falta que me fazes para me fazer acreditar em sonhos novamente. Provavelmente no Céu onde estás deve ser um pouco complicado ver filmes tão politicamente incorrectos como estes, mas sabendo que o Céu é a recompensa dos justos consigo imaginar-te confortavelmente sentado na tua poltrona favorita a ver estes filmes que adoravas, junto a alguns desses actores que já não estão entre nós. Hoje é dia de bons filmes no Céu :D


Assim, sem uma ordem especial e correndo o risco de faltarem aqui muitos filmes, aqui estão alguns dos filmes que vi com meu pai, várias vezes. E assim proponho aos meus leitores, especialmente os da minha geração, que preguntem aos vossos pais sobre alguns dos filmes aqui apresentados; melhor, que vejam algum destes filmes com vossos pais como faziamos nos bons velhos anos 80. Em homenagem a todos os pais e filhos que como nós, adoram cinema.

DOZE INDOMÁVEIS PATIFES

OS SETE MAGNÍFICOS


O MECÂNICO

ANJOS DE CARA NEGRA

BILLY JACK

BULLITT

DOIS HOMENS E UM DESTINO


O CAÇADOR

O COMBOIO DOS DUROS

O JUSTICEIRO DA NOITE

CASSANDRA CROSSING


TRINITÁ - COWBOY INSOLENTE

FIM DE SEMANA ALUCINANTE

O POLÍCIA DA ESTRADA

RAMBO - A FÚRIA DO HERÓI

OS CANHÕES DE NAVARONE

NO CALOR DA NOITE


A FÚRIA DA RAZÃO

HARRY - O DETECTIVE EM ACÇÃO

HARRY - O IMPLACÁVEL


BONNIE E CLYDE


ACONTECEU NO OESTE


DUELO NA POEIRA

PLANETA DOS MACACOS

PSYCHO

OS SALTEADORES DA ARCA PERDIDA

À BEIRA DO FIM

TAXI DRIVER
O BOM, O MAU E O FEIO


A GRANDE EVASÃO
O RÉPTIL

NA SOMBRA E NO SILÊNCIO

OS GANSOS SELVAGENS

FIREFOX

Para terminar...um video que me toca bastante. Não sou fã da comédia americana típica, especialmente da comédia americana idiota típica do Adam Sandler, porém CLICK é um filme que não só acho que se vê muito bem ( mesmo com as inevitáveis estupidezes de Sandler) como acho que tem uma das cenas mais tocantes alguma vez filmadas. Eu confesso que chorei da 1ª vez e chorarei sempre.





sexta-feira, 10 de setembro de 2010

11 SETEMBRO 2010 - ( MAIS DE ) 9 ANOS DE FILMES

Parece que foi ontem

Há datas que ficam para a história, e quanto mais recentes mais próximas da nossa percepção real se tornam, sejam na simples memória, ou seja na própria maneira de vivermos e sentirmos o mundo. Enquanto muitos dos jovens portugueses de gerações mais recentes sabem perfeitamente que o 25 de Abril é feriado e provavelmente o primeiro dia decente para ir à praia, muitos poucos saberão ou perceberão o seu verdadeiro significado quando ameaçam professores ou insultam os mais velhos. No entanto provavelmente se lhes perguntarem o que foi o 11 de Setembro alguns poucos saberão dizer que foi precisamente há 9 anos mas uns quantos saberão mais ou menos explicar que sem ter que consultar a net que “uma data de árabes malucos do bando do “Obama Bineláda” sequestraram uns aviões e espataram-nos contra dois arranha-céus buéda altos em Nova York e mandaram-nos abaixo e por causa disso o Jorge Broche invadiu o Iraque e apanhou o “Sádã”, tas a ver? Cena bueda marada, saimos da aula que tava a ser uma seca e fomos ver tudo em directo da TV!!!”.

Não sou pessoa de quantificar nem qualificar. Nunca tive o que se pode chamar o “pior dia de minha vida” e espero nunca o vir a ter mas posso dizer que já tive o que considero dos piores dias de minha vida e o 11 de Setembro de 2001 está entre esses dias. Um dia de má memória onde senti que de repente o mundo virara-se ao contrário. Imagens dos atentados de Nova York a bombardear-nos incessantemente durante dias, semanas, meses. De repente parecia que o nosso mundo civilizado, onde vivemos pobres e com algumas dificuldades mas relativamente seguro… afinal já não estava seguro. E os anos foram-se passando, e faço uma análise à minha vida pré e pós 11 de Setembro, e nesse pós 11 de Setembro analiso 9 anos e vejo como em 9 anos tanta coisa muda.Há medida que 11/9/2001 se torna mais distante também mais distante se torna a importância que damos aos factos, menos tempo de antena, até que esse dia um dia seja apenas uma recordação tão distante de nós como o 11 de Setembro de 1973, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder no Chile e instaurou um dos regimes mais brutais dos últimos 40 anos. Pergunto, que significará isso para a grande maioria de nós portugueses, tirando aqueles que estiveram activamente envolvidos em políticas beneficiadoras da liberdade democrática do ano seguinte? Para mim só significa que eu nasceria pouco mais de um mês depois nesse mesmo ano, e de qualquer modo Pinochet já está a contas no inferno. . Mas isto é um blog de cinema, e não vou falar disso ( ou melhor, tentarei não fazê-lo ). Também é um blog de cinema pessoal e sincero, talvez haja aqui filmes que não vi e devia ter visto, e outros tão maus que nem devia ter dedicado 1 minuto a eles. Tentarei isso sim fazer uma ligação com um dia que invariavelmente nos marcou a todos para melhor e pior.


Pré 11 de Setembro: profecias perturbantes

"Afinal os gajos tinham razão, a gente
não devia ter dito que esta história
era tudo uma fantasia impossível..."
Um triller político de 1998 pouco amado pela crítica e público que viria a ser "redimido" após o 11 de Setembro...pelas piores razões. Denzel Washington é um agente federal que investiga uma série de ataques em Nova York atribuídos a terroristas palestinianos. Bruce Willis é o duro general americano encarregue de repôr a ordem, nem que para isso tenha que isolar a comunidade muçulmana num getto e instaurar a lei marcial e uma autêntica caça às uxas. Se este filme foi na altura criticado por uma certa visão racista, no pós 11 de Setembro tornou-se um “sucesso” no aluguer de vídeo por ser uma espécie de sinistra profecia do que viria a acontecer 3 anos depois. Vi o filme no cinema e tenho-o em dvd e digo que sinceramente merece ser revisto: tal como na triste realidade os heróis vêm-se obrigados ao pior numa situação extrema, e pessoas inocentes apenas por serem de uma raça/religião comum aos vilões são colocadas no mesmo saco destes e são perseguidas por isso mesmo. A rever e pensar.

EXECUTIVE DECISION / DECISÃO CRÍTICA (1996)

"Quando isto acabar vamos jantar em minha casa
e eu visto-me de Snake Plissken e tu de CatWoman"
Um correcto filme de acção onde um grupo de terroristas suicidas islâmicos sequestra um avião comercial cheio de reféns ( e uma arma química a bordo ) com o intuito de despenhá-lo em Washington. Uma unidade de forças especiais tentará retomar o avião em pleno ar. Kurt Russell, Halle Berry, John Leguizamo e Oliver Platt são os heróis.

"A prova que sou bom actor
é que aceitei morrer num filme,
e continuo sendo o herói"
Mas o melhor mesmo é ver o Steven Seagall(!)( na altura um actor de acção com grande valor comercial) num papel secundário morrer antes de metade do filme (pois, mais que o sequestro aéreo com sinistras semelhanças com a realidade é esta a razão principal porque o filme é recordado )…



RAMBO III (1988)
"Isto não vai ser como no Vietname porque estes
gajos odeiam comunas, e nós americanos
só temos a ganhar com isso"
Xaropada republicana pró-reaganista numa altura em que o Rambo (II) de 1985 começava a perder a sua aura de herói americano definitivo... pelo simples facto que o filme aconteceu no momento errado. Em 1988, em plena Perestroika, os soviéticos conseguiram em 2 anos o que por exemplo o povo alemão ainda não conseguiu fazer em 65 anos do final da II Guerra Mundial: redimir-se da história. Porque os últimos anos do comunismo soviético e sua abertura a ocidente tornaram toda a imagem do gigantesco e enigmático inimigo vermelho como algo cool ( pelo menos no ocidente ). Adivinhava-se o final da guerra fria. E no cinema já não haveria assassinos soviéticos da KGB nem exércitos vermelhos implacáveis, apenas mafiosos russos interpretados por actores ingleses ( porque ninguém como eles para fazer de vilão ) com passados muito obscuros e uma atitude do piorio. O filme foi um tiro no pé: numa altura em que a política soviética dava sinais de uma retirada do Afeganistão, John Rambo volta ao activo para salvar o seu amigo, o coronel Trautman ( ironicamente no livro original First Blood de Dave Morell, Tratman nem é amigo nem conhece Rambo, como também o quer ver bem morto ) que por alguma razão que não me lembro tinha ido sido capturado pelos soviéticos ( ou generalizando “russos” ). Muita acção, tiros e explosões no entanto não convenceram o público e o filme foi um fracasso de crítica, sem fazer os grandes estouros na bilheteira ( e na cultura americana ) que o filme anterior havia feito.
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ: Ironicamente, Rambo vai ajudar aqueles que viriam a ser os inimigos dos americanos após o 11 de Setembro. Podemos claro fazer uma análise mais detalhada e realista ( e eventualmente racista ), Rambo ajudou os Mujahedin da chamada Aliança do Norte ( cujo líder Massoud seria assassinado pela Al Qaeda a 9 de Setembro, 2 dias antes dos atentados ), enquanto que os talibans, verdadeiros inimigos dos americanos, eram de etnia pashtun, e os terroristas da Al Qaeda em solo afegão eram estrangeiros árabes…ok, tentem explicar isso ao americano comum depois de morrerem mais de 3000 pessoas num só dia no seu território por causa de fundamentalistas islâmicos treinados no Afeganistão? Tentem explicar a infeliz dedicatória “Este filme é dedicado ao corajoso povo afegão”. Imagino que nos tempos posteriores ao 11 de Setembro de 2001 este filme de 1988 tenha vindo a ser “redescoberto” e se tenha tornado um dos filmes mais odiados nos EUA. É difícil tentar explicar algo assim quando no lugar onde antes estava o World Trade Center “apenas” havia toneladas de escombros ainda fumejantes, lápide macabra aos milhares de cadáveres soterrados e por identificar. Numa altura em que a sua carreira estava em claro declínio, Sylvester Stallone deve ter pensado nisso bastante…
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ 2: lembro-me de, no dia 11 de Setembro de 2001 estar a ver televisão até altas horas da madrugada. E com o incessamente bombardeamento de informações e emissões de emergência, nada da programação prevista. Não que o que dê na TV me interessasse muito ( mas é de louvar que ao menos certo canal não tenha emitido tão em moda Big Bosta...digo, Brother ) mas qual infelicidade de num canal privado… estar a dar este filme. Desconheço se já estava programado o filme ser exibido…ou se foi atirado um pouco ( ou muito ) às cegas nesse espaço de tempo, talvez um pouco ao azar ou na tentativa pouco feliz de prestar um “serviço público” em relação aos eventos do dia…




ESCAPE FROM NEW YORK – FUGA DE NOVA YORK ( 1981 )
"Uso tapa-olho, tshirt de licra de alças, botas de cano
alto fora das calças apertadas, tenho um cabelo fashion
e barba à George Michael. Além disso sou musculado
e tenho uma cobra tatuada no ventre. E sou mau!
Há 5 minutos rebentei os cornos de um gajo
só porque ele me perguntou se era fã da Lady Gaga"
Para mim o grande JOHN CARPENTER sempre foi um mestre, um realizador extremamente desvalorizado. Isso porque tanto conseguiu realizar grandes filmes com um punhado de dólares mas muito talento e liberdade artística como foi ostracizado pelos grandes estúdios devido a desastres de bilheteira incompreendidos na sua época e que com o passar dos anos tornaram-se obras de referência ( THE THING e AS AVENTURAS DE JACK BURTON NAS GARRAS DO MANDARIM ). O facto de nos últimos anos fazerem péssimos remakes de alguns dos seus melhores filmes é uma má homenagem a um realizador que filmava com gosto e foi crucificado pelo sistema. É precisamente desta primeira época FUGA DE NOVA YORK ( 1981 ). Em 1997 ( ou seja, o futuro na época ) o governo americano transforma a ilha de Mannathan em Nova York numa prisão de máxima segurança de onde é impossível sair. Por azar…o Presidente dos EUA encontra-se em Nova York, e é feito refém pelos reclusos. Para o resgatar enviam ( contra sua vontade ) Snake Plissken ( soberbo Kurt Russell ) um ex-soldado das forças especiais, criminoso e uma das personagens mais fodidas e bem elaboradas do cinema. Porque Snake não é um herói, como o nome indica é pior que as cobras, um niilista, um misantropo, um sacana absoluto que não acredita em boas acções e só se importa consigo próprio, e apenas aceita a missão porque tem que “comprar” a sua liberdade e o antidoto para a “bomba” injectada no seu corpo. Icónico, o seu tapa-olho e má atitude porque segundo ele…”I don´t give a fuck about your president”. Ah, que pena nunca termos visto uma personagem assim nos tempos da administração Bush.
CENA PERTURBANTE: Não deixa de ser perturbante saber que o Presidente de uns EUA à beira do colapso social está em Nova York porque… o seu avião despenhou-se lá. Assim como a manobra de infiltração de Snake é pousar um planador…no topo de uma das Torres Gémeas.
Factor de visionamento: qualquer filme de John Carpenter da sua época dourada merece ser visto, por muito datado e incongruente que possa ser ( mas é assim que funciona uma história passada em tempos futuros ). Alguém pode dizer por exemplo que o ALIENS é um filme menos bom por se passar no futuro e não ter monitores LCD?




KING KONG (1976)
Que tem um ( tão mau que é bom ) remake de 1976 do King Kong a ver com o 11 de Setembro? Um filme que antes de 2001 era lembrado por ser o primeiro papel em cinema de uma lindíssima actriz chamada Jessica
Lange ( a tal ponto que temos um enorme gorila de 20 e tal metros entesoado )? Pois bem, é mais um daqueles filmes dos anos 70 que estando muito esquecidos na cultura popular ( foi considerado um flop embora tenha feito recuperado 3 vezes o seu orçamento e ganho um Oscar de Efeitos Especiais mas pronto, isso foi um ano antes de STAR WARS) devido ao 11 de Setembro de 2001 viria a ser “redescoberto”. Ao contrário do remake de 2005 de Peter Jackson, este King Kong foi cronologicamente localizado em tempos modernos ( ou melhor contemporâneos, são os anos 70 ), pelo que o herói é um sempre excelente Jeff Bridges de barba e cabelo comprido a fazer lembrar The Dude antes de ter todos os neurónios queimados, e temos caças a jacto modernos em vez de bimotores da I Guerra Mundial, e em vez do Empire State Building…o gorila mais famoso do mundo adapta-se aos tempos modernos e sobe ao topo do World Trade Center ( inaugurado apenas 3 anos antes, a jóia da coroa dos negócios em Nova York ). Hoje em dia o cartaz original é uma peça de colecção. E o filme em si? Mau cinema de grande orçamento dos anos 70 e Oscar de efeitos especiais? Vão buscar as cervejas e os snacks, isto é óptimo para uma noite de mau cinema :D

Hã? Aquilo é suposto ser o dedo do macaco?




















Pós-11 de Setembro (já que fomos vítimas, 
temos direito a fazer dinheiro com a tragédia)

FAHRENHEIT 9/11

"Tou no gozo, na verdade
nós não nos gramamos
nem um bocadinho!"
Mais uma vez Michael Moore põe o dedo na ferida da sociedade americana, desta vez na própria administração Bush e nas causas e consequências do 11 de Setembro. Goste-se ou não de Michael Moore, qualquer gajo que publicamente tenha quase mandado o Bush para aqueles lados está na minha lista de malta a quem pagar um copo, e é preciso dar-lhe o mérito de ter trazido o documentário cinematográfico ao grande público em geral, com todas as vantagens e desvantagens que isso possa ter trazido ( actualmente há uma maior oferta que procura por documentários quase sempre de assuntos polémicos filmados por “aspirantes” ao trono de documentarista polémico ( ou exibicionista ) mas poucos são verdadeiramente bons documentários ou minimamente interessantes ). No seu estilo muito pessoal, entre o muito sério e a brincar mas sempre provocador, Michael Moore expõe os factos de uma suposta teoria da conspiração; esse é provavlemente o maior problema, saber até que ponto no seu estilo desbocado Moore está a ser sincero ou não. Nunca Bush teve um adversário público tão grande, ao mesmo tempo isso parece tirar um bocado da credibilidade de Moore, com o à vontade que se usa da sua imagem. Numa tentativa de usar o documentário para mudar a opinião pública nas eleições presidenciais em 2004, Moore não se candidatou com este documentários aos Oscares; no entanto Bush viria a ganhar essas mesmas eleições. Tendo custado 6 milhões de dólares, Fahrenheit 9/11 viria a arrecadar mais de 222 milhões a nível mundial, sendo o documentário mais visto de sempre. Pena é vivermos num país que depende de subsídios do estado, não consigo imaginar um documentarista português dar forte e feio no governo que financiou a sua obra...

UNITED 93 + FLIGHT 93

Vamos ver se percebi...a história é a mesma e o título é o mesmo
mas são dois filmes diferentes?
Dos quatro aviões sequestrados, dois atingiram as Torres Gémeas, um o edifício do Pentágono e o único a não foi atingiu o alvo ( supostamente a Casa Branca ) foi o Vôo 93, graças à revolta dos passageiros. O avião viria a despenhar-se num descampado na Pensilvânia, morrendo todos os seus ocupantes.
Ora aí está um caso de engano puro de minha parte. Não vi o filme UNITED 93 de Paul Greengrass ( o realizador da série BOURNE ). Certo dia num dos meus passeios dos tristes ao centro comercial vi o dvd VÔO 93 na estante de €1.95 e pronto, decidi comprar, sempre era mais barato que o aluguer. Erro meu. Não que o filme seja mau…apenas NÃO É o filme UNITED 93 mas sim um telefilme muito interessante com o nome muito semelhante de FLIGHT 93, lançado no mesmo ano ( 2006 ), um daqueles filmes pouco conhecidos distribuidos no circuito video nacional. É um problema comum: dois filmes baseados no mesmo acontecimento, com títulos originais semelhantes e colocados no circuito comercial com o mesmo título em português. Assim, fica por ver UNITED 93. FLIGHT 93 é apenas isso, um telefilme muito competente, eventualmente feito com uma fracção do orçamento do seu congénere de cinema, eventualmente emitido nas nossas TVs como parte da programação “em estreia absoluta” num dos nossos canais. Há mesmo quem diga que é melhor que seu “irmão” por optar por uma via mais documental que dramática. Pois não sei…ainda não vi o outro-Assim fica o aviso: atenção ao(s) filme(s). É que ambos têm o mesmo título…

Fácil de descrever numa frase: BLAIR WITCH PROJECT no Afeganistão. Já passou na nossa TV, naquelas sessões da noite que dão a uma hora em que todo o mundo está a dormir. Eu pessoalmente não sou nada apreciador de falsos documentários. A ideia principal é o costume: supostas filmagens reais recuperadas, câmara portátil em movimento constante, aspecto documental, paradeiro do autor desconhecido, presumivelmente morto. Porém, embora competentemente filmado, o aspecto de ficção está sempre presente, seja na incongruência e facilidade com que o suposto documentarista se move, seja na própria introdução que temos: jornalista sem recursos vai ao Afeganistão pós-regime talibã em busca de Bin Laden. Apreciadores do género do pseudo-documental sem a espectacularidade (insipida) de CLOVERFIELD e com uma abordagem diferente dos ambientes de terror ou ficção científica de certeza não ficarão decepcionados. Porque aqui não temos um pseudo-documentário sobre típicas filmagens amadoras que servem de testemunho, mas sim um pseudo-documentário sobre um documentário. Porém a credibilidade acaba sendo penalizada na tentativa de dar mais realismo e drama à acção. A seu favor a coragem de ter sido mesmo filmado nas proximidades de Kabul ( supostamente em condições de segurança ) com gente local, o que leva a pensar que afinal esse dramatismo poderá em algum momento ser mesmo real e o argumento resultado de improvisação em situação de risco num dos locais mais perigosos do mundo. Pessoalmente acho que se vê muito bem e por não ser um filme de grande orçamento nem com nomes conhecidos provavelmente o vejamos em algum momento num quiosque a €1.95...


POSTAL
"Este filme define a perfeição
da arte cinematográfica, é o culminar
de 100 anos de cinema, a obra-prima".
Assinado: Uwe Boll
Não há como escapar, mas vou tentar escrever o mínimo possível sobre um dos piores filmes que vi na vida; se escrevo demasiado estarei precisamente a valorizar um dos realizadores mais execráveis, estareio a torná-lo vítima da inquisição cinematográfica que durante estes anos o perseguiu. Não me venham com tretas: UWE BOLL é tão mau mas tão mau que nem chega a ser bom! Vejo de tudo um pouco. Também gosto de maus filmes, porque às vezes são tão maus que se tonam bons. Mas filmes baseados em jogos de video nunca foram bons…e nas mãos daquele que é um dos detentores do monopólio deste tipo de filmes ( o outro é o bastante mais competente e bem sucedido mas nem por isso mais respeitável Paul W. Anderson )…só posso dizer que ainda bem que de momento o olfacto não funciona com os filmes porque sou incapaz de imaginar o cheiro nauseabundo que acompanharia esta merda. Boll tenta mesmo gozar consigo próprio mas é tão incompetente que nem isso consegue. Infelizmente a única maneira de provar o que digo é aconselhar uma pessoa a ver isto mas não me responsabilizo nem pelo ódio de que serei alvo caso o espectador odeie ou enalteça esta…esta coisa!
Que tem a ver com o 11 de Setembro? Pois bem, tem o descaramento de tentar gozar com os atentados, Al Qaeda, Bin Laden, Bush e nem isso conseguir fazer bem; todos nós já nos rimos de piadas de mal gosto, é inerente ao ser humano…mas neste filme…nem a má piada funciona. É tão mau que até as piadas "Maré Alta" têm mais graça ( e atenção que não têm nenhuma graça ). O mau gosto impera apenas por isso...por ser mau, sem réstea de interesse, e o factor de provocação prima pela absoluta imbecilidade.
Penso eu que nem o maior parvalhão do mundo ( e para mal dos meus pecados conheço muitos )achará alguma graça a isto ( e já tou a imaginar esse parvalhão dizer “parvalhão és
tu que escreves estas merdas porque o filme é altamente”)…Mas o que dói é que um dia Boll e todos os seus merdosos filmes adquirirão o estatuto de culto. Ed Wood ao menos era honesto com o lixo que tentava exibir; Boll, qual puto bazofe que desafia bloggers e críticos para combates de boxe ( afinal, isso mostra a qualidade do seu trabalho ) e teve a lata de dizer que esta bosta derrotaria Indiana Jones 4 na estreia ( em 2 ou 3 salas ) é a típica "celebridade" com complexo de superioridade que sabe que quanto pior fizer, mais atenção lhe dão. É esse o problema...

Como tenho que publicar o blog, antecipo-me
e coloco aqui a resposta do Sr. Boll ao meu texto,
enquanto espero o desafio para um combate
de boxe para ele provar que é bom cineasta...




HAROLD & KUMAR – ESCAPE FROM GUANTANAMO/
GRANDE MOCA, MEU 2 – A FUGA


"A maneira de se parecermos mais inteligentes
é tirarmos uma fotografia com alguém ainda
mais parvo que nós. Pass me the joint."
Triste sina a minha! Nem bem acabo de escrever sobre uma porcaria e já estou a escrever sobre outra. O primeiro HAROLD & KUMAR GO TO WHITE CASTLE( com o título português de GRANDE MOCA, MEU…imagino que se por uma vez o título português fosse à letra teriamos um dos maiores palhaços do país aspirante a celebridade a “queixar-se” por lhe “terem ido” ) era exactamente o que oferecia sem pretensões nenhumas: comédia parva para adolescentes americanos sobre um coreano-americano e um indiano-americano de 2ª ou 3ª geração que em nada altera coisa alguma na história; podia ser um afro-americano ou um mexicano-americano ou outro meta-aqui-a-sua-minoria-que-não-seja-branco-americano que isso não ia mudar nada em relação a um filme parvo quanto baste. O tema principal era a busca incessante da ganza perfeita. E por isso o filme é uma droga...não uma droga viciante, apenas uma merda, e não daquela que se fuma e dá vontade de rir. Salvos raras excepções nunca segundas partes foram boas mas é um dado adquirido: quando o original é mau a sequela consegue ser ainda pior. Se o primeiro ainda tinha alguma graça de tão parvo que era…esta segunda parte apenas é parva e mais nada. A paranóia americana em relação a passageiros de avião que pareçam árabes(sim, porque segundo os americanos um indiano é arabe), a desconfiança em relação aos (norte)coreanos que estão nos EUA desde os anos 50, a prisão, fuga e perseguição aos supostos terroristas e o próprio Bush (?)…parece que o realizador tentou misturar tudo em busca do riso fácil…pois eu ou não tenho sentido de humor ou este foi uma das “comédias” mais entediantes que alguma vez tive o azar de ver. Mas talvez seja mesmo isso...só com uma grande moca é possivel rir.



"O cartaz é espectacular mas como gastamos mais uns
milhões para contratar o Nicolas Cage temos que lhe meter
a cara algures. Felizmente desta vez ele não usa peruca"
Se há um realizador que sabe criticar o sonho americano sem por isso deixar de ser objectivo, esse é OLIVER STONE. Se há um realizador que é imensamente talentoso mas por vezes, muito por culpa de sua própria arrogância se espalha ao comprido…esse é Oliver Stone. Não é apenas polémico em relação à temática; infelizmente é polémico em relação à qualidade do trabalho em si. Tivesse este filme sido feito antes do aborrecidissimo e falhado ALEXANDER talvez eu o tivesse visto com outros olhos; não fosse o actor principal o Nicholas Cage, excelente actor mas que a mim irrita-me bastante…talvez eu o tivesse visto com outros olhos. Não digo que seja um mau filme…acredito que seja um excelente filme…eu é que não sou a pessoa certa para o julgar. Porque não tenho paciência para filmes sobre dramas humanos e heróis de circunstância ( e porque raio tem que haver sempre um marine cagão armado em…marine cagão? Bem…porque por uma vez e documentado como tal,isso aconteceu mesmo). A primeira parte que documenta ( muito bem ) o atentado consegue imprimir toda a tensão e horror do momento. A partir da queda das Torres Gémeas…cai também o interesse do filme. Em nada desvalorizo as acções heróicas das personagens reais envolvidas; não sou um crítico profissional não desvalorizo nem valorizo o filme em si. Talvez numa segunda visão venha a pensar de maneira diferente.
Consegui achar mais interessante qualquer documentário passado na TV nesta data. Mas o filme? O Oliver Stone me desculpe, adoro as suas obras sobre o Vietname mas este filme não me convence. No entanto recomenda-se? CLARO QUE SIM! Vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões, eu futuramente (talvez já no próximo sábado 11 o alugue ) farei o mesmo e talvez tenha outra leitura do mesmo. Até lá…




Entre a censura e a negação

Um dos últimos filmes de Arnold Schwarzenegger, DANOS COLATERAIS veria a sua estreia adiada quase 4 meses após os atentados. Schwarzenegger interpreta um bombeiro que procura a vingança pela morte de sua família num atentado bombista.
Consta que um ano após os atentados, grupos de pressão tentaram evitar nos EUA que a segunda parte de O SENHOR DOS ANÉIS fosse exibida com o título(do livro original de
Tolkien)
AS DUAS TORRES.
O edição comemorativa do 20º Aniversário de
E.T. - O EXTRA-TERRESTRE foi exibida em 2002 com novas cenas, efeitos especiais melhorados e…walkie talkies inseridos digitalmente a substituir as armas dos agentes federais.
Onde possível, nos tempos posteriores à data e com as pessoas ainda demasiado sensibilizadas tentou-se minimizar o efeito dos atentados especialmente se a acção se situava em Nova York. Exibições na TV de filmes como
DIE HARD III - A VINGANÇA tiveram cenas cortadas ( especialmente onde as Torres Gémeas apareciam no plano de fundo ) que nem o próprio John McLane podia desta vez safar...
Talvez o caso mais conhecido seja o trailer “perdido” do
HOMEM ARANHA, no qual um helicóptero fica preso nas teias entre as Torres Gémeas. O filme viria a ser lançado em 2002 mas o trailer nunca mais foi emitido após 11 de Setembro.



Torres Gémeas: alvo a abater (do espaço)
O cinema é uma arte de imagem em movimento, todos nós sabemos. Daí que, com mlhor ou pior resultado, por vezes se torne previsão sinistra de um futuro desconhecido. E parece que o World Trade Center, com maior ou menor dano sempre foi um alvo
favorito nos filmes catástrofe, o que não deixa de ser algo assustador e profético.

Talvez pela presença imponente e simbolo da cidade capaz de eclipsar a própria Estátua da Liberdade, três filmes de catástrofe, todos com a mesma temática ( corpos
espaciais em rota de colisão com a Terra ) deram destaque especial ao World
Trade Center…como edifícios a reduzir a escombros.

METEOR/ METEORO
Alguém se lembra daqueles cartazes antigos?
Ah, "guilty pleasures", aqueles filmes que vi em puto e adorei. É um filme
tão mau que chega a ser bom. É o tipo de dvd que eu sou capaz de comprar no
ebay ou no mercado de segunda mão da amazon ( isso porque o dvd nunca foi
editado em Portugal ).
O cinema de catástrofe esteve em grande voga nos anos 70 ( basta lembrarmos-nos dos filmes de Irwin Aleen ). METEORO (1979) é provavelmente um dos últimos filmes de um género que marcou a década e neste momento estava em acentuado declínio. Talvez por a década de 70 estar terminar? Talvez por a lista de catástrofes a explorar cada vez se tornasse mais reduzida? Talvez por ser um tipo de cinema que será lembrado mais pela espectacularidade dos seus efeitos especiais e inovações técnicas que pela qualidade dos filmes em si. Os efeitos especiais podiam não estar maus para a época ( é um filme com mais de 30 anos ), a história é a mesma de sempre, cheia de erros científicos q.b.. Cometa choca contra cinturão de asteróides e um enorme fragmento dirige-se para a Terra. Estamos na guerra fria e os americanos aliam-se aos soviéticos num programa conjunto para destruir o meteoro com mísseis nucleares em órbita, bla bla bla. As interpretações, para esquecer. Um filme de catástrofe da época tinha que ter um ensemble cast de nomes bem conhecidos, neste caso o actor mais é famoso é Sean Connery, um cientista americano com…sotaque escocês. Sotaque escocês presente em todos e em cada papel por si interpretado. E apesar de tudo, até se ter reformado da interpretação, sempre manteve o sotaque em cada papel e sempre foi famoso por isso. Natalie Wood, Karl Malden, Martin Landau, Henry Fonda, Brian Keith, todos excelentes actores que compõem o resto do elenco mas não se sabe bem o que estão lá fazendo além de esperarem receber o seu cheque.
Isto faz parte do filme. Surpreendentemente
as Torres não desabaram.
Que se pode dizer deste estrondoso sucesso do Michael Bay de 1998, um dos filmes mais idiotas mas entretidos alguma vez feitos? Tanto que chegou a ser editado em DVD pela prestigiadíssima editora Criterion pelo seu valor como espectáculo visual na arte
de fazer cinema? Pois…espectacular…mas idiota quanto baste!
A CENA PERTURBANTE: uma chuva de meteoritos no princípio do filme arrasa boa parte de Mannathan. O Edifício Chrysler é despedaçado…mas as Torres Gémeas, embora atingidas mantêm-se em pé. Um facto mais assustador…os meteoros atingem as torres no sítio onde viriam a ser atingidas na realidade pelos aviões sequestrados…


Neste filme as pessoas sobem ao terraço
para escapar das águas
Sem dúvida o melhor do sub-género catastrófico “corpo celeste sólido em rota de colisão com a Terra, escapamos por pouco mas uns quantos fragmentos chegam para arrasar
com metade do planeta”. Ao contrário do seu contemporâneo Armageddon, Impacto Profundo prima pela grande seriedade em vez da espectacularidade de
entretenimento puro carregado de erros científicos, e com efeitos especiais que mesmo não tendo sido nomeados para Oscar que não deixam nada a desejar em relação ao "vizinho do lado". Neste caso não temos o embate directo do cometa mas a destruição da cidade de Nova York ( e eventualmente todas as zonas costeiras do mundo ) provocada por um gigantesco tsunami.
A CENA PERTURBANTE: Talvez por serem os edifícios mais altos de Nova York, as Torres Gémeas são as únicas que se mantêm em pé e acima do nível das águas…



















Para ver futuramente...

Não posso comentar porque ainda não vi, mas não posso deixar de referir estas três obras que parecem ser bastante interessantes.
11'09"01
Um dos primeiros filmes tocando a temática do 11 de Setembro, um ano após os atentados. 11 curtas metragens de 11 minutos, 9 segundos e 1 frame, por 11 conceituados realizadores, cada um do seu país, cada um com a sua visão pessoal desse dia. Realizado(s) por Samira Makhmalbaf ( Irão), Claude Lelouch ( França ),Youssef Chahine (Egipto), Danis Tanović ( Bosnia-Herzegovina), Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso), Ken Loach (ReinoUnido), Alejandro González Iñárritu (Mexico), Amos Gitaï (Israel), Mira Nair (India), Sean Penn ( EUA ) e Shohei Imamura (Japão). Sabemos que o cinema é uma arte internacional e existe pelo menos um bom realizador em cada país do mundo…e como sempre Portugal não consta nesta lista. Mas se isso nos serve de consolo tão pouco está aqui nenhum realizador espanhol e nós sabemos bem o sucesso que os vizinhos do lado têm no cinema…






















REIGN OVER ME / EM NOME DA AMIZADE
Depois de Punch Drunk Love, o comediante(?) Adam Sandler volta a tentar um novo registo num papel mais sério e dramático, o de um homem que perdeu sua familia nos atentados. O sempre excelente Don Cheadle e sua família ajuda-lo-ão a ultrapassar isso. Talvez um dia o vejamos numa interpretação portentosa que reconheça o seu verdadeiro talento ( mas de momentos ainda temos primeiro que esperar a consagração do Jim Carrey como actor dramático ).





LAND OF PLENTY / TERRA DA ABUNDÂNCIA

Um filme de Wim Wenders sobre a paranóia pós-11 de Setembro. Como muitos bons filmes independentes, já saiu em DVD a €1.95 junto com um jornal ou revista, pelo que será recomendável prestar atenção visto estes títulos serem constantemente reeditados
nestas promoções.








Embora não tenha ligação com os atentandos de 11 de Setembro, o documentário (vencedor do Oscar de 2009 ) MAN ON THE WIRE relata a ilegal ( e perigosa ) proeza de Philippe Pet, um funambolo que em 1974 cruzou o espaço que divide as Torres Gémeas a 500 metros de altura através de um cabo.







A viúva do Norman Bates

O Casal Anthony Perkins e Berry Berenson
Podia sitar mais exemplos mas para terminar fica uma investigação minha sobre um telefilme muito pouco conhecido que vi há muitos anos na televisão. THE GLORY BOYS é um triller sobre terroristas palestinianos que tentam assassinar um cientista israelita. O que me chamou principalmente a atenção foi o papel principal ser interpretado por ANTHONY PERKINS, num registo diferente daquele que sempre nos acostumou. Sempre considerei este actor um dos mais desvalorizados de sempre; excelente actor, ficaria para sempre estigmatizado em papéis menores onde se repetia constantemente, muito por culpa do papel que o viria a imortalizar, o assassino psicopata Norman Bates na obra prima de Alfred Hitchcock, PSYCHO. Em THE GLORY BOYS Perkins é um agente federal de métodos pouco ortodoxos que evita o atentado.
Em 12 de Setembro de 1992 Anthony Perkins faleceu de Sida.
Quase exactamente 9 anos, no dia 11 de Setembro de 2001, a sua viuva Berry Berenson viria a falecer quando o Vôo 11 da American Airlines colidiu contra a Torre Norte
do World Trade Center. O que se pensou ao princípio ser um grave acidente aéreo tornar-se-ia com o embate do 2º avião no maior acto terrorista da história. É uma triste coincidência que terroristas islâmicos como os que Perkins combateu num filme viriam a ser na vida real os causadores da morte da sua mulher quase no aniversário de sua morte, 9 anos depois. O terrorismo não escolhe as vítimas.