Parece que foi ontem
Há datas que ficam para a história, e quanto mais recentes mais próximas da nossa percepção real se tornam, sejam na simples memória, ou seja na própria maneira de vivermos e sentirmos o mundo. Enquanto muitos dos jovens portugueses de gerações mais recentes sabem perfeitamente que o 25 de Abril é feriado e provavelmente o primeiro dia decente para ir à praia, muitos poucos saberão ou perceberão o seu verdadeiro significado quando ameaçam professores ou insultam os mais velhos. No entanto provavelmente se lhes perguntarem o que foi o 11 de Setembro alguns poucos saberão dizer que foi precisamente há 9 anos mas uns quantos saberão mais ou menos explicar que sem ter que consultar a net que “uma data de árabes malucos do bando do “Obama Bineláda” sequestraram uns aviões e espataram-nos contra dois arranha-céus buéda altos em Nova York e mandaram-nos abaixo e por causa disso o Jorge Broche invadiu o Iraque e apanhou o “Sádã”, tas a ver? Cena bueda marada, saimos da aula que tava a ser uma seca e fomos ver tudo em directo da TV!!!”.
Não sou pessoa de quantificar nem qualificar. Nunca tive o que se pode chamar o “pior dia de minha vida” e espero nunca o vir a ter mas posso dizer que já tive o que considero dos piores dias de minha vida e o 11 de Setembro de 2001 está entre esses dias. Um dia de má memória onde senti que de repente o mundo virara-se ao contrário. Imagens dos atentados de Nova York a bombardear-nos incessantemente durante dias, semanas, meses. De repente parecia que o nosso mundo civilizado, onde vivemos pobres e com algumas dificuldades mas relativamente seguro… afinal já não estava seguro. E os anos foram-se passando, e faço uma análise à minha vida pré e pós 11 de Setembro, e nesse pós 11 de Setembro analiso 9 anos e vejo como em 9 anos tanta coisa muda.Há medida que 11/9/2001 se torna mais distante também mais distante se torna a importância que damos aos factos, menos tempo de antena, até que esse dia um dia seja apenas uma recordação tão distante de nós como o 11 de Setembro de 1973, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder no Chile e instaurou um dos regimes mais brutais dos últimos 40 anos. Pergunto, que significará isso para a grande maioria de nós portugueses, tirando aqueles que estiveram activamente envolvidos em políticas beneficiadoras da liberdade democrática do ano seguinte? Para mim só significa que eu nasceria pouco mais de um mês depois nesse mesmo ano, e de qualquer modo Pinochet já está a contas no inferno. . Mas isto é um blog de cinema, e não vou falar disso ( ou melhor, tentarei não fazê-lo ). Também é um blog de cinema pessoal e sincero, talvez haja aqui filmes que não vi e devia ter visto, e outros tão maus que nem devia ter dedicado 1 minuto a eles. Tentarei isso sim fazer uma ligação com um dia que invariavelmente nos marcou a todos para melhor e pior.
Pré 11 de Setembro: profecias perturbantes
EXECUTIVE DECISION / DECISÃO CRÍTICA (1996)
RAMBO III (1988)
Xaropada republicana pró-reaganista numa altura em que o Rambo (II) de 1985 começava a perder a sua aura de herói americano definitivo... pelo simples facto que o filme aconteceu no momento errado. Em 1988, em plena Perestroika, os soviéticos conseguiram em 2 anos o que por exemplo o povo alemão ainda não conseguiu fazer em 65 anos do final da II Guerra Mundial: redimir-se da história. Porque os últimos anos do comunismo soviético e sua abertura a ocidente tornaram toda a imagem do gigantesco e enigmático inimigo vermelho como algo cool ( pelo menos no ocidente ). Adivinhava-se o final da guerra fria. E no cinema já não haveria assassinos soviéticos da KGB nem exércitos vermelhos implacáveis, apenas mafiosos russos interpretados por actores ingleses ( porque ninguém como eles para fazer de vilão ) com passados muito obscuros e uma atitude do piorio. O filme foi um tiro no pé: numa altura em que a política soviética dava sinais de uma retirada do Afeganistão, John Rambo volta ao activo para salvar o seu amigo, o coronel Trautman ( ironicamente no livro original First Blood de Dave Morell, Tratman nem é amigo nem conhece Rambo, como também o quer ver bem morto ) que por alguma razão que não me lembro tinha ido sido capturado pelos soviéticos ( ou generalizando “russos” ). Muita acção, tiros e explosões no entanto não convenceram o público e o filme foi um fracasso de crítica, sem fazer os grandes estouros na bilheteira ( e na cultura americana ) que o filme anterior havia feito.
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ: Ironicamente, Rambo vai ajudar aqueles que viriam a ser os inimigos dos americanos após o 11 de Setembro. Podemos claro fazer uma análise mais detalhada e realista ( e eventualmente racista ), Rambo ajudou os Mujahedin da chamada Aliança do Norte ( cujo líder Massoud seria assassinado pela Al Qaeda a 9 de Setembro, 2 dias antes dos atentados ), enquanto que os talibans, verdadeiros inimigos dos americanos, eram de etnia pashtun, e os terroristas da Al Qaeda em solo afegão eram estrangeiros árabes…ok, tentem explicar isso ao americano comum depois de morrerem mais de 3000 pessoas num só dia no seu território por causa de fundamentalistas islâmicos treinados no Afeganistão? Tentem explicar a infeliz dedicatória “Este filme é dedicado ao corajoso povo afegão”. Imagino que nos tempos posteriores ao 11 de Setembro de 2001 este filme de 1988 tenha vindo a ser “redescoberto” e se tenha tornado um dos filmes mais odiados nos EUA. É difícil tentar explicar algo assim quando no lugar onde antes estava o World Trade Center “apenas” havia toneladas de escombros ainda fumejantes, lápide macabra aos milhares de cadáveres soterrados e por identificar. Numa altura em que a sua carreira estava em claro declínio, Sylvester Stallone deve ter pensado nisso bastante…
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ 2: lembro-me de, no dia 11 de Setembro de 2001 estar a ver televisão até altas horas da madrugada. E com o incessamente bombardeamento de informações e emissões de emergência, nada da programação prevista. Não que o que dê na TV me interessasse muito ( mas é de louvar que ao menos certo canal não tenha emitido tão em moda Big Bosta...digo, Brother ) mas qual infelicidade de num canal privado… estar a dar este filme. Desconheço se já estava programado o filme ser exibido…ou se foi atirado um pouco ( ou muito ) às cegas nesse espaço de tempo, talvez um pouco ao azar ou na tentativa pouco feliz de prestar um “serviço público” em relação aos eventos do dia…
ESCAPE FROM NEW YORK – FUGA DE NOVA YORK ( 1981 )
Para mim o grande JOHN CARPENTER sempre foi um mestre, um realizador extremamente desvalorizado. Isso porque tanto conseguiu realizar grandes filmes com um punhado de dólares mas muito talento e liberdade artística como foi ostracizado pelos grandes estúdios devido a desastres de bilheteira incompreendidos na sua época e que com o passar dos anos tornaram-se obras de referência ( THE THING e AS AVENTURAS DE JACK BURTON NAS GARRAS DO MANDARIM ). O facto de nos últimos anos fazerem péssimos remakes de alguns dos seus melhores filmes é uma má homenagem a um realizador que filmava com gosto e foi crucificado pelo sistema. É precisamente desta primeira época FUGA DE NOVA YORK ( 1981 ). Em 1997 ( ou seja, o futuro na época ) o governo americano transforma a ilha de Mannathan em Nova York numa prisão de máxima segurança de onde é impossível sair. Por azar…o Presidente dos EUA encontra-se em Nova York, e é feito refém pelos reclusos. Para o resgatar enviam ( contra sua vontade ) Snake Plissken ( soberbo Kurt Russell ) um ex-soldado das forças especiais, criminoso e uma das personagens mais fodidas e bem elaboradas do cinema. Porque Snake não é um herói, como o nome indica é pior que as cobras, um niilista, um misantropo, um sacana absoluto que não acredita em boas acções e só se importa consigo próprio, e apenas aceita a missão porque tem que “comprar” a sua liberdade e o antidoto para a “bomba” injectada no seu corpo. Icónico, o seu tapa-olho e má atitude porque segundo ele…”I don´t give a fuck about your president”. Ah, que pena nunca termos visto uma personagem assim nos tempos da administração Bush.
CENA PERTURBANTE: Não deixa de ser perturbante saber que o Presidente de uns EUA à beira do colapso social está em Nova York porque… o seu avião despenhou-se lá. Assim como a manobra de infiltração de Snake é pousar um planador…no topo de uma das Torres Gémeas.
Factor de visionamento: qualquer filme de John Carpenter da sua época dourada merece ser visto, por muito datado e incongruente que possa ser ( mas é assim que funciona uma história passada em tempos futuros ). Alguém pode dizer por exemplo que o ALIENS é um filme menos bom por se passar no futuro e não ter monitores LCD?
KING KONG (1976)
Pós-11 de Setembro (já que fomos vítimas,
temos direito a fazer dinheiro com a tragédia)
FAHRENHEIT 9/11
Fácil de descrever numa frase: BLAIR WITCH PROJECT no Afeganistão. Já passou na nossa TV, naquelas sessões da noite que dão a uma hora em que todo o mundo está a dormir. Eu pessoalmente não sou nada apreciador de falsos documentários. A ideia principal é o costume: supostas filmagens reais recuperadas, câmara portátil em movimento constante, aspecto documental, paradeiro do autor desconhecido, presumivelmente morto. Porém, embora competentemente filmado, o aspecto de ficção está sempre presente, seja na incongruência e facilidade com que o suposto documentarista se move, seja na própria introdução que temos: jornalista sem recursos vai ao Afeganistão pós-regime talibã em busca de Bin Laden. Apreciadores do género do pseudo-documental sem a espectacularidade (insipida) de CLOVERFIELD e com uma abordagem diferente dos ambientes de terror ou ficção científica de certeza não ficarão decepcionados. Porque aqui não temos um pseudo-documentário sobre típicas filmagens amadoras que servem de testemunho, mas sim um pseudo-documentário sobre um documentário. Porém a credibilidade acaba sendo penalizada na tentativa de dar mais realismo e drama à acção. A seu favor a coragem de ter sido mesmo filmado nas proximidades de Kabul ( supostamente em condições de segurança ) com gente local, o que leva a pensar que afinal esse dramatismo poderá em algum momento ser mesmo real e o argumento resultado de improvisação em situação de risco num dos locais mais perigosos do mundo. Pessoalmente acho que se vê muito bem e por não ser um filme de grande orçamento nem com nomes conhecidos provavelmente o vejamos em algum momento num quiosque a €1.95...
POSTAL
Não há como escapar, mas vou tentar escrever o mínimo possível sobre um dos piores filmes que vi na vida; se escrevo demasiado estarei precisamente a valorizar um dos realizadores mais execráveis, estareio a torná-lo vítima da inquisição cinematográfica que durante estes anos o perseguiu. Não me venham com tretas: UWE BOLL é tão mau mas tão mau que nem chega a ser bom! Vejo de tudo um pouco. Também gosto de maus filmes, porque às vezes são tão maus que se tonam bons. Mas filmes baseados em jogos de video nunca foram bons…e nas mãos daquele que é um dos detentores do monopólio deste tipo de filmes ( o outro é o bastante mais competente e bem sucedido mas nem por isso mais respeitável Paul W. Anderson )…só posso dizer que ainda bem que de momento o olfacto não funciona com os filmes porque sou incapaz de imaginar o cheiro nauseabundo que acompanharia esta merda. Boll tenta mesmo gozar consigo próprio mas é tão incompetente que nem isso consegue. Infelizmente a única maneira de provar o que digo é aconselhar uma pessoa a ver isto mas não me responsabilizo nem pelo ódio de que serei alvo caso o espectador odeie ou enalteça esta…esta coisa!
Que tem a ver com o 11 de Setembro? Pois bem, tem o descaramento de tentar gozar com os atentados, Al Qaeda, Bin Laden, Bush e nem isso conseguir fazer bem; todos nós já nos rimos de piadas de mal gosto, é inerente ao ser humano…mas neste filme…nem a má piada funciona. É tão mau que até as piadas "Maré Alta" têm mais graça ( e atenção que não têm nenhuma graça ). O mau gosto impera apenas por isso...por ser mau, sem réstea de interesse, e o factor de provocação prima pela absoluta imbecilidade.
Penso eu que nem o maior parvalhão do mundo ( e para mal dos meus pecados conheço muitos )achará alguma graça a isto ( e já tou a imaginar esse parvalhão dizer “parvalhão és
tu que escreves estas merdas porque o filme é altamente”)…Mas o que dói é que um dia Boll e todos os seus merdosos filmes adquirirão o estatuto de culto. Ed Wood ao menos era honesto com o lixo que tentava exibir; Boll, qual puto bazofe que desafia bloggers e críticos para combates de boxe ( afinal, isso mostra a qualidade do seu trabalho ) e teve a lata de dizer que esta bosta derrotaria Indiana Jones 4 na estreia ( em 2 ou 3 salas ) é a típica "celebridade" com complexo de superioridade que sabe que quanto pior fizer, mais atenção lhe dão. É esse o problema...
HAROLD & KUMAR – ESCAPE FROM GUANTANAMO/
GRANDE MOCA, MEU 2 – A FUGA
Que se pode dizer deste estrondoso sucesso do Michael Bay de 1998, um dos filmes mais idiotas mas entretidos alguma vez feitos? Tanto que chegou a ser editado em DVD pela prestigiadíssima editora Criterion pelo seu valor como espectáculo visual na arte
de fazer cinema? Pois…espectacular…mas idiota quanto baste!
Sem dúvida o melhor do sub-género catastrófico “corpo celeste sólido em rota de colisão com a Terra, escapamos por pouco mas uns quantos fragmentos chegam para arrasar
com metade do planeta”. Ao contrário do seu contemporâneo Armageddon, Impacto Profundo prima pela grande seriedade em vez da espectacularidade de
entretenimento puro carregado de erros científicos, e com efeitos especiais que mesmo não tendo sido nomeados para Oscar que não deixam nada a desejar em relação ao "vizinho do lado". Neste caso não temos o embate directo do cometa mas a destruição da cidade de Nova York ( e eventualmente todas as zonas costeiras do mundo ) provocada por um gigantesco tsunami.A CENA PERTURBANTE: Talvez por serem os edifícios mais altos de Nova York, as Torres Gémeas são as únicas que se mantêm em pé e acima do nível das águas…
Para ver futuramente...
Não posso comentar porque ainda não vi, mas não posso deixar de referir estas três obras que parecem ser bastante interessantes.
11'09"01
REIGN OVER ME / EM NOME DA AMIZADE
Depois de Punch Drunk Love, o comediante(?) Adam Sandler volta a tentar um novo registo num papel mais sério e dramático, o de um homem que perdeu sua familia nos atentados. O sempre excelente Don Cheadle e sua família ajuda-lo-ão a ultrapassar isso. Talvez um dia o vejamos numa interpretação portentosa que reconheça o seu verdadeiro talento ( mas de momentos ainda temos primeiro que esperar a consagração do Jim Carrey como actor dramático ).
LAND OF PLENTY / TERRA DA ABUNDÂNCIA
Um filme de Wim Wenders sobre a paranóia pós-11 de Setembro. Como muitos bons filmes independentes, já saiu em DVD a €1.95 junto com um jornal ou revista, pelo que será recomendável prestar atenção visto estes títulos serem constantemente reeditados
nestas promoções.
A viúva do Norman Bates
Podia sitar mais exemplos mas para terminar fica uma investigação minha sobre um telefilme muito pouco conhecido que vi há muitos anos na televisão. THE GLORY BOYS é um triller sobre terroristas palestinianos que tentam assassinar um cientista israelita. O que me chamou principalmente a atenção foi o papel principal ser interpretado por ANTHONY PERKINS, num registo diferente daquele que sempre nos acostumou. Sempre considerei este actor um dos mais desvalorizados de sempre; excelente actor, ficaria para sempre estigmatizado em papéis menores onde se repetia constantemente, muito por culpa do papel que o viria a imortalizar, o assassino psicopata Norman Bates na obra prima de Alfred Hitchcock, PSYCHO. Em THE GLORY BOYS Perkins é um agente federal de métodos pouco ortodoxos que evita o atentado.
Em 12 de Setembro de 1992 Anthony Perkins faleceu de Sida.
Quase exactamente 9 anos, no dia 11 de Setembro de 2001, a sua viuva Berry Berenson viria a falecer quando o Vôo 11 da American Airlines colidiu contra a Torre Norte
do World Trade Center. O que se pensou ao princípio ser um grave acidente aéreo tornar-se-ia com o embate do 2º avião no maior acto terrorista da história. É uma triste coincidência que terroristas islâmicos como os que Perkins combateu num filme viriam a ser na vida real os causadores da morte da sua mulher quase no aniversário de sua morte, 9 anos depois. O terrorismo não escolhe as vítimas.
Há datas que ficam para a história, e quanto mais recentes mais próximas da nossa percepção real se tornam, sejam na simples memória, ou seja na própria maneira de vivermos e sentirmos o mundo. Enquanto muitos dos jovens portugueses de gerações mais recentes sabem perfeitamente que o 25 de Abril é feriado e provavelmente o primeiro dia decente para ir à praia, muitos poucos saberão ou perceberão o seu verdadeiro significado quando ameaçam professores ou insultam os mais velhos. No entanto provavelmente se lhes perguntarem o que foi o 11 de Setembro alguns poucos saberão dizer que foi precisamente há 9 anos mas uns quantos saberão mais ou menos explicar que sem ter que consultar a net que “uma data de árabes malucos do bando do “Obama Bineláda” sequestraram uns aviões e espataram-nos contra dois arranha-céus buéda altos em Nova York e mandaram-nos abaixo e por causa disso o Jorge Broche invadiu o Iraque e apanhou o “Sádã”, tas a ver? Cena bueda marada, saimos da aula que tava a ser uma seca e fomos ver tudo em directo da TV!!!”.
Não sou pessoa de quantificar nem qualificar. Nunca tive o que se pode chamar o “pior dia de minha vida” e espero nunca o vir a ter mas posso dizer que já tive o que considero dos piores dias de minha vida e o 11 de Setembro de 2001 está entre esses dias. Um dia de má memória onde senti que de repente o mundo virara-se ao contrário. Imagens dos atentados de Nova York a bombardear-nos incessantemente durante dias, semanas, meses. De repente parecia que o nosso mundo civilizado, onde vivemos pobres e com algumas dificuldades mas relativamente seguro… afinal já não estava seguro. E os anos foram-se passando, e faço uma análise à minha vida pré e pós 11 de Setembro, e nesse pós 11 de Setembro analiso 9 anos e vejo como em 9 anos tanta coisa muda.Há medida que 11/9/2001 se torna mais distante também mais distante se torna a importância que damos aos factos, menos tempo de antena, até que esse dia um dia seja apenas uma recordação tão distante de nós como o 11 de Setembro de 1973, quando o general Augusto Pinochet tomou o poder no Chile e instaurou um dos regimes mais brutais dos últimos 40 anos. Pergunto, que significará isso para a grande maioria de nós portugueses, tirando aqueles que estiveram activamente envolvidos em políticas beneficiadoras da liberdade democrática do ano seguinte? Para mim só significa que eu nasceria pouco mais de um mês depois nesse mesmo ano, e de qualquer modo Pinochet já está a contas no inferno. . Mas isto é um blog de cinema, e não vou falar disso ( ou melhor, tentarei não fazê-lo ). Também é um blog de cinema pessoal e sincero, talvez haja aqui filmes que não vi e devia ter visto, e outros tão maus que nem devia ter dedicado 1 minuto a eles. Tentarei isso sim fazer uma ligação com um dia que invariavelmente nos marcou a todos para melhor e pior.
Pré 11 de Setembro: profecias perturbantes
THE SIEGE – ESTADO DE SÍTIO (1998)
"Afinal os gajos tinham razão, a gente não devia ter dito que esta história era tudo uma fantasia impossível..." |
Um triller político de 1998 pouco amado pela crítica e público que viria a ser "redimido" após o 11 de Setembro...pelas piores razões. Denzel Washington é um agente federal que investiga uma série de ataques em Nova York atribuídos a terroristas palestinianos. Bruce Willis é o duro general americano encarregue de repôr a ordem, nem que para isso tenha que isolar a comunidade muçulmana num getto e instaurar a lei marcial e uma autêntica caça às uxas. Se este filme foi na altura criticado por uma certa visão racista, no pós 11 de Setembro tornou-se um “sucesso” no aluguer de vídeo por ser uma espécie de sinistra profecia do que viria a acontecer 3 anos depois. Vi o filme no cinema e tenho-o em dvd e digo que sinceramente merece ser revisto: tal como na triste realidade os heróis vêm-se obrigados ao pior numa situação extrema, e pessoas inocentes apenas por serem de uma raça/religião comum aos vilões são colocadas no mesmo saco destes e são perseguidas por isso mesmo. A rever e pensar.
EXECUTIVE DECISION / DECISÃO CRÍTICA (1996)
"Quando isto acabar vamos jantar em minha casa e eu visto-me de Snake Plissken e tu de CatWoman" |
Um correcto filme de acção onde um grupo de terroristas suicidas islâmicos sequestra um avião comercial cheio de reféns ( e uma arma química a bordo ) com o intuito de despenhá-lo em Washington. Uma unidade de forças especiais tentará retomar o avião em pleno ar. Kurt Russell, Halle Berry, John Leguizamo e Oliver Platt são os heróis.
"A prova que sou bom actor é que aceitei morrer num filme, e continuo sendo o herói" |
Mas o melhor mesmo é ver o Steven Seagall(!)( na altura um actor de acção com grande valor comercial) num papel secundário morrer antes de metade do filme (pois, mais que o sequestro aéreo com sinistras semelhanças com a realidade é esta a razão principal porque o filme é recordado )…
RAMBO III (1988)
"Isto não vai ser como no Vietname porque estes gajos odeiam comunas, e nós americanos só temos a ganhar com isso" |
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ: Ironicamente, Rambo vai ajudar aqueles que viriam a ser os inimigos dos americanos após o 11 de Setembro. Podemos claro fazer uma análise mais detalhada e realista ( e eventualmente racista ), Rambo ajudou os Mujahedin da chamada Aliança do Norte ( cujo líder Massoud seria assassinado pela Al Qaeda a 9 de Setembro, 2 dias antes dos atentados ), enquanto que os talibans, verdadeiros inimigos dos americanos, eram de etnia pashtun, e os terroristas da Al Qaeda em solo afegão eram estrangeiros árabes…ok, tentem explicar isso ao americano comum depois de morrerem mais de 3000 pessoas num só dia no seu território por causa de fundamentalistas islâmicos treinados no Afeganistão? Tentem explicar a infeliz dedicatória “Este filme é dedicado ao corajoso povo afegão”. Imagino que nos tempos posteriores ao 11 de Setembro de 2001 este filme de 1988 tenha vindo a ser “redescoberto” e se tenha tornado um dos filmes mais odiados nos EUA. É difícil tentar explicar algo assim quando no lugar onde antes estava o World Trade Center “apenas” havia toneladas de escombros ainda fumejantes, lápide macabra aos milhares de cadáveres soterrados e por identificar. Numa altura em que a sua carreira estava em claro declínio, Sylvester Stallone deve ter pensado nisso bastante…
DADO COMPLETAMENTE INFELIZ 2: lembro-me de, no dia 11 de Setembro de 2001 estar a ver televisão até altas horas da madrugada. E com o incessamente bombardeamento de informações e emissões de emergência, nada da programação prevista. Não que o que dê na TV me interessasse muito ( mas é de louvar que ao menos certo canal não tenha emitido tão em moda Big Bosta...digo, Brother ) mas qual infelicidade de num canal privado… estar a dar este filme. Desconheço se já estava programado o filme ser exibido…ou se foi atirado um pouco ( ou muito ) às cegas nesse espaço de tempo, talvez um pouco ao azar ou na tentativa pouco feliz de prestar um “serviço público” em relação aos eventos do dia…
ESCAPE FROM NEW YORK – FUGA DE NOVA YORK ( 1981 )
Para mim o grande JOHN CARPENTER sempre foi um mestre, um realizador extremamente desvalorizado. Isso porque tanto conseguiu realizar grandes filmes com um punhado de dólares mas muito talento e liberdade artística como foi ostracizado pelos grandes estúdios devido a desastres de bilheteira incompreendidos na sua época e que com o passar dos anos tornaram-se obras de referência ( THE THING e AS AVENTURAS DE JACK BURTON NAS GARRAS DO MANDARIM ). O facto de nos últimos anos fazerem péssimos remakes de alguns dos seus melhores filmes é uma má homenagem a um realizador que filmava com gosto e foi crucificado pelo sistema. É precisamente desta primeira época FUGA DE NOVA YORK ( 1981 ). Em 1997 ( ou seja, o futuro na época ) o governo americano transforma a ilha de Mannathan em Nova York numa prisão de máxima segurança de onde é impossível sair. Por azar…o Presidente dos EUA encontra-se em Nova York, e é feito refém pelos reclusos. Para o resgatar enviam ( contra sua vontade ) Snake Plissken ( soberbo Kurt Russell ) um ex-soldado das forças especiais, criminoso e uma das personagens mais fodidas e bem elaboradas do cinema. Porque Snake não é um herói, como o nome indica é pior que as cobras, um niilista, um misantropo, um sacana absoluto que não acredita em boas acções e só se importa consigo próprio, e apenas aceita a missão porque tem que “comprar” a sua liberdade e o antidoto para a “bomba” injectada no seu corpo. Icónico, o seu tapa-olho e má atitude porque segundo ele…”I don´t give a fuck about your president”. Ah, que pena nunca termos visto uma personagem assim nos tempos da administração Bush.
CENA PERTURBANTE: Não deixa de ser perturbante saber que o Presidente de uns EUA à beira do colapso social está em Nova York porque… o seu avião despenhou-se lá. Assim como a manobra de infiltração de Snake é pousar um planador…no topo de uma das Torres Gémeas.
Factor de visionamento: qualquer filme de John Carpenter da sua época dourada merece ser visto, por muito datado e incongruente que possa ser ( mas é assim que funciona uma história passada em tempos futuros ). Alguém pode dizer por exemplo que o ALIENS é um filme menos bom por se passar no futuro e não ter monitores LCD?
KING KONG (1976)
Que tem um ( tão mau que é bom ) remake de 1976 do King Kong a ver com o 11 de Setembro? Um filme que antes de 2001 era lembrado por ser o primeiro papel em cinema de uma lindíssima actriz chamada Jessica
Lange ( a tal ponto que temos um enorme gorila de 20 e tal metros entesoado )? Pois bem, é mais um daqueles filmes dos anos 70 que estando muito esquecidos na cultura popular ( foi considerado um flop embora tenha feito recuperado 3 vezes o seu orçamento e ganho um Oscar de Efeitos Especiais mas pronto, isso foi um ano antes de STAR WARS) devido ao 11 de Setembro de 2001 viria a ser “redescoberto”. Ao contrário do remake de 2005 de Peter Jackson, este King Kong foi cronologicamente localizado em tempos modernos ( ou melhor contemporâneos, são os anos 70 ), pelo que o herói é um sempre excelente Jeff Bridges de barba e cabelo comprido a fazer lembrar The Dude antes de ter todos os neurónios queimados, e temos caças a jacto modernos em vez de bimotores da I Guerra Mundial, e em vez do Empire State Building…o gorila mais famoso do mundo adapta-se aos tempos modernos e sobe ao topo do World Trade Center ( inaugurado apenas 3 anos antes, a jóia da coroa dos negócios em Nova York ). Hoje em dia o cartaz original é uma peça de colecção. E o filme em si? Mau cinema de grande orçamento dos anos 70 e Oscar de efeitos especiais? Vão buscar as cervejas e os snacks, isto é óptimo para uma noite de mau cinema :DHã? Aquilo é suposto ser o dedo do macaco? |
Pós-11 de Setembro (já que fomos vítimas,
temos direito a fazer dinheiro com a tragédia)
FAHRENHEIT 9/11
"Tou no gozo, na verdade nós não nos gramamos nem um bocadinho!" |
Mais uma vez Michael Moore põe o dedo na ferida da sociedade americana, desta vez na própria administração Bush e nas causas e consequências do 11 de Setembro. Goste-se ou não de Michael Moore, qualquer gajo que publicamente tenha quase mandado o Bush para aqueles lados está na minha lista de malta a quem pagar um copo, e é preciso dar-lhe o mérito de ter trazido o documentário cinematográfico ao grande público em geral, com todas as vantagens e desvantagens que isso possa ter trazido ( actualmente há uma maior oferta que procura por documentários quase sempre de assuntos polémicos filmados por “aspirantes” ao trono de documentarista polémico ( ou exibicionista ) mas poucos são verdadeiramente bons documentários ou minimamente interessantes ). No seu estilo muito pessoal, entre o muito sério e a brincar mas sempre provocador, Michael Moore expõe os factos de uma suposta teoria da conspiração; esse é provavlemente o maior problema, saber até que ponto no seu estilo desbocado Moore está a ser sincero ou não. Nunca Bush teve um adversário público tão grande, ao mesmo tempo isso parece tirar um bocado da credibilidade de Moore, com o à vontade que se usa da sua imagem. Numa tentativa de usar o documentário para mudar a opinião pública nas eleições presidenciais em 2004, Moore não se candidatou com este documentários aos Oscares; no entanto Bush viria a ganhar essas mesmas eleições. Tendo custado 6 milhões de dólares, Fahrenheit 9/11 viria a arrecadar mais de 222 milhões a nível mundial, sendo o documentário mais visto de sempre. Pena é vivermos num país que depende de subsídios do estado, não consigo imaginar um documentarista português dar forte e feio no governo que financiou a sua obra...
UNITED 93 + FLIGHT 93
Dos quatro aviões sequestrados, dois atingiram as Torres Gémeas, um o edifício do Pentágono e o único a não foi atingiu o alvo ( supostamente a Casa Branca ) foi o Vôo 93, graças à revolta dos passageiros. O avião viria a despenhar-se num descampado na Pensilvânia, morrendo todos os seus ocupantes.
Vamos ver se percebi...a história é a mesma e o título é o mesmo mas são dois filmes diferentes? |
Ora aí está um caso de engano puro de minha parte. Não vi o filme UNITED 93 de Paul Greengrass ( o realizador da série BOURNE ). Certo dia num dos meus passeios dos tristes ao centro comercial vi o dvd VÔO 93 na estante de €1.95 e pronto, decidi comprar, sempre era mais barato que o aluguer. Erro meu. Não que o filme seja mau…apenas NÃO É o filme UNITED 93 mas sim um telefilme muito interessante com o nome muito semelhante de FLIGHT 93, lançado no mesmo ano ( 2006 ), um daqueles filmes pouco conhecidos distribuidos no circuito video nacional. É um problema comum: dois filmes baseados no mesmo acontecimento, com títulos originais semelhantes e colocados no circuito comercial com o mesmo título em português. Assim, fica por ver UNITED 93. FLIGHT 93 é apenas isso, um telefilme muito competente, eventualmente feito com uma fracção do orçamento do seu congénere de cinema, eventualmente emitido nas nossas TVs como parte da programação “em estreia absoluta” num dos nossos canais. Há mesmo quem diga que é melhor que seu “irmão” por optar por uma via mais documental que dramática. Pois não sei…ainda não vi o outro-Assim fica o aviso: atenção ao(s) filme(s). É que ambos têm o mesmo título…
Fácil de descrever numa frase: BLAIR WITCH PROJECT no Afeganistão. Já passou na nossa TV, naquelas sessões da noite que dão a uma hora em que todo o mundo está a dormir. Eu pessoalmente não sou nada apreciador de falsos documentários. A ideia principal é o costume: supostas filmagens reais recuperadas, câmara portátil em movimento constante, aspecto documental, paradeiro do autor desconhecido, presumivelmente morto. Porém, embora competentemente filmado, o aspecto de ficção está sempre presente, seja na incongruência e facilidade com que o suposto documentarista se move, seja na própria introdução que temos: jornalista sem recursos vai ao Afeganistão pós-regime talibã em busca de Bin Laden. Apreciadores do género do pseudo-documental sem a espectacularidade (insipida) de CLOVERFIELD e com uma abordagem diferente dos ambientes de terror ou ficção científica de certeza não ficarão decepcionados. Porque aqui não temos um pseudo-documentário sobre típicas filmagens amadoras que servem de testemunho, mas sim um pseudo-documentário sobre um documentário. Porém a credibilidade acaba sendo penalizada na tentativa de dar mais realismo e drama à acção. A seu favor a coragem de ter sido mesmo filmado nas proximidades de Kabul ( supostamente em condições de segurança ) com gente local, o que leva a pensar que afinal esse dramatismo poderá em algum momento ser mesmo real e o argumento resultado de improvisação em situação de risco num dos locais mais perigosos do mundo. Pessoalmente acho que se vê muito bem e por não ser um filme de grande orçamento nem com nomes conhecidos provavelmente o vejamos em algum momento num quiosque a €1.95...
POSTAL
"Este filme define a perfeição da arte cinematográfica, é o culminar de 100 anos de cinema, a obra-prima". Assinado: Uwe Boll |
Que tem a ver com o 11 de Setembro? Pois bem, tem o descaramento de tentar gozar com os atentados, Al Qaeda, Bin Laden, Bush e nem isso conseguir fazer bem; todos nós já nos rimos de piadas de mal gosto, é inerente ao ser humano…mas neste filme…nem a má piada funciona. É tão mau que até as piadas "Maré Alta" têm mais graça ( e atenção que não têm nenhuma graça ). O mau gosto impera apenas por isso...por ser mau, sem réstea de interesse, e o factor de provocação prima pela absoluta imbecilidade.
Penso eu que nem o maior parvalhão do mundo ( e para mal dos meus pecados conheço muitos )achará alguma graça a isto ( e já tou a imaginar esse parvalhão dizer “parvalhão és
tu que escreves estas merdas porque o filme é altamente”)…Mas o que dói é que um dia Boll e todos os seus merdosos filmes adquirirão o estatuto de culto. Ed Wood ao menos era honesto com o lixo que tentava exibir; Boll, qual puto bazofe que desafia bloggers e críticos para combates de boxe ( afinal, isso mostra a qualidade do seu trabalho ) e teve a lata de dizer que esta bosta derrotaria Indiana Jones 4 na estreia ( em 2 ou 3 salas ) é a típica "celebridade" com complexo de superioridade que sabe que quanto pior fizer, mais atenção lhe dão. É esse o problema...
HAROLD & KUMAR – ESCAPE FROM GUANTANAMO/
GRANDE MOCA, MEU 2 – A FUGA
"A maneira de se parecermos mais inteligentes é tirarmos uma fotografia com alguém ainda mais parvo que nós. Pass me the joint." |
Triste sina a minha! Nem bem acabo de escrever sobre uma porcaria e já estou a escrever sobre outra. O primeiro HAROLD & KUMAR GO TO WHITE CASTLE( com o título português de GRANDE MOCA, MEU…imagino que se por uma vez o título português fosse à letra teriamos um dos maiores palhaços do país aspirante a celebridade a “queixar-se” por lhe “terem ido” ) era exactamente o que oferecia sem pretensões nenhumas: comédia parva para adolescentes americanos sobre um coreano-americano e um indiano-americano de 2ª ou 3ª geração que em nada altera coisa alguma na história; podia ser um afro-americano ou um mexicano-americano ou outro meta-aqui-a-sua-minoria-que-não-seja-branco-americano que isso não ia mudar nada em relação a um filme parvo quanto baste. O tema principal era a busca incessante da ganza perfeita. E por isso o filme é uma droga...não uma droga viciante, apenas uma merda, e não daquela que se fuma e dá vontade de rir. Salvos raras excepções nunca segundas partes foram boas mas é um dado adquirido: quando o original é mau a sequela consegue ser ainda pior. Se o primeiro ainda tinha alguma graça de tão parvo que era…esta segunda parte apenas é parva e mais nada. A paranóia americana em relação a passageiros de avião que pareçam árabes(sim, porque segundo os americanos um indiano é arabe), a desconfiança em relação aos (norte)coreanos que estão nos EUA desde os anos 50, a prisão, fuga e perseguição aos supostos terroristas e o próprio Bush (?)…parece que o realizador tentou misturar tudo em busca do riso fácil…pois eu ou não tenho sentido de humor ou este foi uma das “comédias” mais entediantes que alguma vez tive o azar de ver. Mas talvez seja mesmo isso...só com uma grande moca é possivel rir.
"O cartaz é espectacular mas como gastamos mais uns milhões para contratar o Nicolas Cage temos que lhe meter a cara algures. Felizmente desta vez ele não usa peruca" |
Se há um realizador que sabe criticar o sonho americano sem por isso deixar de ser objectivo, esse é OLIVER STONE. Se há um realizador que é imensamente talentoso mas por vezes, muito por culpa de sua própria arrogância se espalha ao comprido…esse é Oliver Stone. Não é apenas polémico em relação à temática; infelizmente é polémico em relação à qualidade do trabalho em si. Tivesse este filme sido feito antes do aborrecidissimo e falhado ALEXANDER talvez eu o tivesse visto com outros olhos; não fosse o actor principal o Nicholas Cage, excelente actor mas que a mim irrita-me bastante…talvez eu o tivesse visto com outros olhos. Não digo que seja um mau filme…acredito que seja um excelente filme…eu é que não sou a pessoa certa para o julgar. Porque não tenho paciência para filmes sobre dramas humanos e heróis de circunstância ( e porque raio tem que haver sempre um marine cagão armado em…marine cagão? Bem…porque por uma vez e documentado como tal,isso aconteceu mesmo). A primeira parte que documenta ( muito bem ) o atentado consegue imprimir toda a tensão e horror do momento. A partir da queda das Torres Gémeas…cai também o interesse do filme. Em nada desvalorizo as acções heróicas das personagens reais envolvidas; não sou um crítico profissional não desvalorizo nem valorizo o filme em si. Talvez numa segunda visão venha a pensar de maneira diferente.
Consegui achar mais interessante qualquer documentário passado na TV nesta data. Mas o filme? O Oliver Stone me desculpe, adoro as suas obras sobre o Vietname mas este filme não me convence. No entanto recomenda-se? CLARO QUE SIM! Vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões, eu futuramente (talvez já no próximo sábado 11 o alugue ) farei o mesmo e talvez tenha outra leitura do mesmo. Até lá…
Consegui achar mais interessante qualquer documentário passado na TV nesta data. Mas o filme? O Oliver Stone me desculpe, adoro as suas obras sobre o Vietname mas este filme não me convence. No entanto recomenda-se? CLARO QUE SIM! Vejam o filme e tirem as vossas próprias conclusões, eu futuramente (talvez já no próximo sábado 11 o alugue ) farei o mesmo e talvez tenha outra leitura do mesmo. Até lá…
Entre a censura e a negação
Um dos últimos filmes de Arnold Schwarzenegger, DANOS COLATERAIS veria a sua estreia adiada quase 4 meses após os atentados. Schwarzenegger interpreta um bombeiro que procura a vingança pela morte de sua família num atentado bombista.
Consta que um ano após os atentados, grupos de pressão tentaram evitar nos EUA que a segunda parte de O SENHOR DOS ANÉIS fosse exibida com o título(do livro original de
Tolkien) AS DUAS TORRES.
O edição comemorativa do 20º Aniversário de E.T. - O EXTRA-TERRESTRE foi exibida em 2002 com novas cenas, efeitos especiais melhorados e…walkie talkies inseridos digitalmente a substituir as armas dos agentes federais.
Onde possível, nos tempos posteriores à data e com as pessoas ainda demasiado sensibilizadas tentou-se minimizar o efeito dos atentados especialmente se a acção se situava em Nova York. Exibições na TV de filmes como DIE HARD III - A VINGANÇA tiveram cenas cortadas ( especialmente onde as Torres Gémeas apareciam no plano de fundo ) que nem o próprio John McLane podia desta vez safar...
Talvez o caso mais conhecido seja o trailer “perdido” do HOMEM ARANHA, no qual um helicóptero fica preso nas teias entre as Torres Gémeas. O filme viria a ser lançado em 2002 mas o trailer nunca mais foi emitido após 11 de Setembro.
Um dos últimos filmes de Arnold Schwarzenegger, DANOS COLATERAIS veria a sua estreia adiada quase 4 meses após os atentados. Schwarzenegger interpreta um bombeiro que procura a vingança pela morte de sua família num atentado bombista.
Consta que um ano após os atentados, grupos de pressão tentaram evitar nos EUA que a segunda parte de O SENHOR DOS ANÉIS fosse exibida com o título(do livro original de
Tolkien) AS DUAS TORRES.
O edição comemorativa do 20º Aniversário de E.T. - O EXTRA-TERRESTRE foi exibida em 2002 com novas cenas, efeitos especiais melhorados e…walkie talkies inseridos digitalmente a substituir as armas dos agentes federais.
Onde possível, nos tempos posteriores à data e com as pessoas ainda demasiado sensibilizadas tentou-se minimizar o efeito dos atentados especialmente se a acção se situava em Nova York. Exibições na TV de filmes como DIE HARD III - A VINGANÇA tiveram cenas cortadas ( especialmente onde as Torres Gémeas apareciam no plano de fundo ) que nem o próprio John McLane podia desta vez safar...
Talvez o caso mais conhecido seja o trailer “perdido” do HOMEM ARANHA, no qual um helicóptero fica preso nas teias entre as Torres Gémeas. O filme viria a ser lançado em 2002 mas o trailer nunca mais foi emitido após 11 de Setembro.
Torres Gémeas: alvo a abater (do espaço)
O cinema é uma arte de imagem em movimento, todos nós sabemos. Daí que, com mlhor ou pior resultado, por vezes se torne previsão sinistra de um futuro desconhecido. E parece que o World Trade Center, com maior ou menor dano sempre foi um alvo
favorito nos filmes catástrofe, o que não deixa de ser algo assustador e profético.
Talvez pela presença imponente e simbolo da cidade capaz de eclipsar a própria Estátua da Liberdade, três filmes de catástrofe, todos com a mesma temática ( corpos
espaciais em rota de colisão com a Terra ) deram destaque especial ao World
Trade Center…como edifícios a reduzir a escombros.
favorito nos filmes catástrofe, o que não deixa de ser algo assustador e profético.
Talvez pela presença imponente e simbolo da cidade capaz de eclipsar a própria Estátua da Liberdade, três filmes de catástrofe, todos com a mesma temática ( corpos
espaciais em rota de colisão com a Terra ) deram destaque especial ao World
Trade Center…como edifícios a reduzir a escombros.
METEOR/ METEORO
Ah, "guilty pleasures", aqueles filmes que vi em puto e adorei. É um filme
tão mau que chega a ser bom. É o tipo de dvd que eu sou capaz de comprar no
ebay ou no mercado de segunda mão da amazon ( isso porque o dvd nunca foi
editado em Portugal ).
Alguém se lembra daqueles cartazes antigos? |
tão mau que chega a ser bom. É o tipo de dvd que eu sou capaz de comprar no
ebay ou no mercado de segunda mão da amazon ( isso porque o dvd nunca foi
editado em Portugal ).
O cinema de catástrofe esteve em grande voga nos anos 70 ( basta lembrarmos-nos dos filmes de Irwin Aleen ). METEORO (1979) é provavelmente um dos últimos filmes de um género que marcou a década e neste momento estava em acentuado declínio. Talvez por a década de 70 estar terminar? Talvez por a lista de catástrofes a explorar cada vez se tornasse mais reduzida? Talvez por ser um tipo de cinema que será lembrado mais pela espectacularidade dos seus efeitos especiais e inovações técnicas que pela qualidade dos filmes em si. Os efeitos especiais podiam não estar maus para a época ( é um filme com mais de 30 anos ), a história é a mesma de sempre, cheia de erros científicos q.b.. Cometa choca contra cinturão de asteróides e um enorme fragmento dirige-se para a Terra. Estamos na guerra fria e os americanos aliam-se aos soviéticos num programa conjunto para destruir o meteoro com mísseis nucleares em órbita, bla bla bla. As interpretações, para esquecer. Um filme de catástrofe da época tinha que ter um ensemble cast de nomes bem conhecidos, neste caso o actor mais é famoso é Sean Connery, um cientista americano com…sotaque escocês. Sotaque escocês presente em todos e em cada papel por si interpretado. E apesar de tudo, até se ter reformado da interpretação, sempre manteve o sotaque em cada papel e sempre foi famoso por isso. Natalie Wood, Karl Malden, Martin Landau, Henry Fonda, Brian Keith, todos excelentes actores que compõem o resto do elenco mas não se sabe bem o que estão lá fazendo além de esperarem receber o seu cheque.
Isto faz parte do filme. Surpreendentemente as Torres não desabaram. |
de fazer cinema? Pois…espectacular…mas idiota quanto baste!
A CENA PERTURBANTE: uma chuva de meteoritos no princípio do filme arrasa boa parte de Mannathan. O Edifício Chrysler é despedaçado…mas as Torres Gémeas, embora atingidas mantêm-se em pé. Um facto mais assustador…os meteoros atingem as torres no sítio onde viriam a ser atingidas na realidade pelos aviões sequestrados…
Neste filme as pessoas sobem ao terraço para escapar das águas |
com metade do planeta”. Ao contrário do seu contemporâneo Armageddon, Impacto Profundo prima pela grande seriedade em vez da espectacularidade de
entretenimento puro carregado de erros científicos, e com efeitos especiais que mesmo não tendo sido nomeados para Oscar que não deixam nada a desejar em relação ao "vizinho do lado". Neste caso não temos o embate directo do cometa mas a destruição da cidade de Nova York ( e eventualmente todas as zonas costeiras do mundo ) provocada por um gigantesco tsunami.
Para ver futuramente...
Não posso comentar porque ainda não vi, mas não posso deixar de referir estas três obras que parecem ser bastante interessantes.
11'09"01
Um dos primeiros filmes tocando a temática do 11 de Setembro, um ano após os atentados. 11 curtas metragens de 11 minutos, 9 segundos e 1 frame, por 11 conceituados realizadores, cada um do seu país, cada um com a sua visão pessoal desse dia. Realizado(s) por Samira Makhmalbaf ( Irão), Claude Lelouch ( França ),Youssef Chahine (Egipto), Danis Tanović ( Bosnia-Herzegovina), Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso), Ken Loach (ReinoUnido), Alejandro González Iñárritu (Mexico), Amos Gitaï (Israel), Mira Nair (India), Sean Penn ( EUA ) e Shohei Imamura (Japão). Sabemos que o cinema é uma arte internacional e existe pelo menos um bom realizador em cada país do mundo…e como sempre Portugal não consta nesta lista. Mas se isso nos serve de consolo tão pouco está aqui nenhum realizador espanhol e nós sabemos bem o sucesso que os vizinhos do lado têm no cinema…
REIGN OVER ME / EM NOME DA AMIZADE
Depois de Punch Drunk Love, o comediante(?) Adam Sandler volta a tentar um novo registo num papel mais sério e dramático, o de um homem que perdeu sua familia nos atentados. O sempre excelente Don Cheadle e sua família ajuda-lo-ão a ultrapassar isso. Talvez um dia o vejamos numa interpretação portentosa que reconheça o seu verdadeiro talento ( mas de momentos ainda temos primeiro que esperar a consagração do Jim Carrey como actor dramático ).
LAND OF PLENTY / TERRA DA ABUNDÂNCIA
Um filme de Wim Wenders sobre a paranóia pós-11 de Setembro. Como muitos bons filmes independentes, já saiu em DVD a €1.95 junto com um jornal ou revista, pelo que será recomendável prestar atenção visto estes títulos serem constantemente reeditados
nestas promoções.
Embora não tenha ligação com os atentandos de 11 de Setembro, o documentário (vencedor do Oscar de 2009 ) MAN ON THE WIRE relata a ilegal ( e perigosa ) proeza de Philippe Pet, um funambolo que em 1974 cruzou o espaço que divide as Torres Gémeas a 500 metros de altura através de um cabo.
A viúva do Norman Bates
O Casal Anthony Perkins e Berry Berenson |
Em 12 de Setembro de 1992 Anthony Perkins faleceu de Sida.
Quase exactamente 9 anos, no dia 11 de Setembro de 2001, a sua viuva Berry Berenson viria a falecer quando o Vôo 11 da American Airlines colidiu contra a Torre Norte
do World Trade Center. O que se pensou ao princípio ser um grave acidente aéreo tornar-se-ia com o embate do 2º avião no maior acto terrorista da história. É uma triste coincidência que terroristas islâmicos como os que Perkins combateu num filme viriam a ser na vida real os causadores da morte da sua mulher quase no aniversário de sua morte, 9 anos depois. O terrorismo não escolhe as vítimas.
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