terça-feira, 17 de agosto de 2010

CRÍTICA DO DIA: THE EXPENDABLES/ OS MERCENÁRIOS

Machogasmo(excesso de testosterona num filme de gajo)
No momento desta cena apenas passaram uns
5 minutos de filme e já deu para rir um bocado :D
Este é o filme que todas as namoradas/esposas que obrigaram os seus respectivos a ir ver ao cinema SEX AND THE CITY ( 1 e 2 ) e outras comédias românticas de cartaz branco/título vermelho ou cor-de-rosa deviam ver para restabelecer o equilíbrio da igualdade entre os casais. Porque pode não ser um bom filme, pode nem ser o melhor filme de acção alguma vez feito ( nada bate o ALIENS e atenção que o herói principal é uma mulher, e o DIE HARD tá lá perto ) mas é o que se chama o verdadeiro filme de gajo mas adaptado aos tempos modernos, feio, forte e mau mas com suficiente “sentimento”, humor e corpos musculados expostos ao mínimo admissível para não tornar isto num filme másculo um tanto ou quanto ambíguo ( sim, estou a falar do “300”, não temos aqui 300 guerreiros espartanos vestidos unicamente com uma tanga de cabedal e capa vermelha ) que possa colocar em dúvida a masculinidade do maior macho a nível subconsciente.


Os gajos têm a atitude, são maus como um bando
de texugos do mel, rebentam tudo e dão porrada
de criar bicho...mesmo assim não dá
( nem eles querem ) para os levar a sério :D
É porque esta é a melhor comédia (????) que vi nos últimos tempos, e ainda estou na duvida se isto é uma comédia de acção ou é um filme de acção cómico. Talvez ainda não seja desta que o Sylvester Stallone venha a ser justamente reconhecido como um bom realizador/actor ( e quem viu a sua completa transformação no xerife gordo e pouco inteligente mas com grande coração em COPLAND sabe que o homem merecia uma nomeação para Óscar ) mas é a definitiva consagração de como aos 64 anos o homem é o actor de acção definitivo ( por obrigações políticas o Arnorl Schwarzenegger já saiu da corrida). Podem vir mais e melhores mas acontece o mesmo no futebol mundial: ninguém tira o Pelé do pódio ( se bem que o Maradona bem tentou ).

E este filme é mais que entretenimento desmiolado do tipo deixar o cérebro à porta do cinema: é uma homenagem pura e dura ao cinema de acção dos últimos 25 anos tão mal visto pela crítica mas tão amado pelo público. E tudo sem pretensões de nenhum tipo. Podemos ver que todos os actores estão mesmo a disfrutar os seus papéis com gozo, seja “kicking ass” seja “getting ass kicked”. Alguns estavam condenados ao circuito vídeo devido ao seu baixo valor nas bilheteiras.
"Ouçam o que tenho para vos dizer, bitches. Se fosse eu
tornava este filme numa obra prima...bla bla bla...motherfucker...
bla bla bla e vi todos os filmes dele quando trabalhava
no clube de video...bla bla bla...e motherfuckin´fucker fuckin
fucker...mas como o grande pedaço de cabrão do gajo que escreve
esta merda é que é o dono do blog, ele acha que não! Fuck it!"
Tivesse este filme sido escrito/realizado pelo muito pretensioso Quentin Tarantino ( não me matem por eu provavelmente ser o único gajo dado a crítico da treta que o acha muito sobrevalorizado e ter no Pulp Fiction um dos meus ódios de estimação, juro que em determinada altura levarei uma semana a escrever um artigo a expressar meu ponto de vista e o bacano que neste momento lê isto e diz “isso é inveja porque tens uma vidinha insignificante” pense bem se a sua vidinha insignificante é mais significante que a minha vidinha insignificante ) e teríamos os personagens a mandar postas de pescada pseudo-filosoficas (reconheçam, o monólogo da Uma Thurman no carro em Kill Bill é a coisa mais impessoal e inexpressiva ) sobre qual foi o "melhor(?)" filme do Lucio Fulci, ou que os filmes da Cannon eram na verdade financiados pela CIA e pelo estado de Israel para apoiar a luta contra terroristas palestinianos; isso claro com muitos “motherfucker” entre cada duas palavras porque os gajos são durões…e a seguir violência gratuita.
Pois bem, isso não acontece aqui. Se tivesse sido o Tarantino a realizar isto o filme seria uma cópia descarada de cada mau filme de acção dos anos 80 e os críticos o colocariam no Olimpo dos Deuses do Cinema; críticos esses que provavelmente teriam vomitado em cada cassete xunga ( porque o cinema de acção dos 80 cheira a bolor das cassetes VHS dos clubes de vídeo ). Mas não, isto foi realizado e interpretado pelo Sylvester Stallone que caricaturando-se a si próprio redime-se no completo “falhanço” que foi pegar num anti-herói de pior espécie como o John Rambo ( por favor LEIAM o livro FIRST BLOOD de David Morell em que o 1º Rambo se baseou e entenderão que quero dizer ) e torná-lo numa cabotina máquina de fazer dinheiro ( sejamos sinceros, tornou-o ainda mais rico ) ao menos tempo que o condenou ao ridículo. E que bem que o faz. Depois de uma travessia no deserto nos últimos 10 anos que por pouco não o atiram para as produções direct-to-video, Stallone redimiu-se nos últimos 3 anos anos com as suas personagens mais conhecidas, Rocky e Rambo, e devolveu-os à aceitação popular não como as caricaturas ridículas em que se haviam tornado mas sim como seres humanos com todas as qualidades e defeitos de um mundo brutal ( e algum botox à mistura ). E com THE EXPENDABLES/OS MERCENÁRIOS faz a festa com mais uns quantos amigos e partem a loiça toda ( das maneiras mais explosivas e destrutivas possíveis ). Embora ele seja a personagem central, consegue manter um equilíbrio fenomenal em cada um dos personagens, seja dando muito tempo de exposição mas lento desenvolvimento ( ele e Jason Statham ), seja dando pouco tempo mas cenas memoráveis ( Dolph Lundgren, Mickey Rourke, Jet Li, Terry Crews, Randy Couture, Bruce Willis e até Arnold Schwarzenegger num cameo hilariante, vê-lo junto de Stallone e Willis é quase como imaginar uma reunião de negócios do Planet Hollywood ). Eu diria mesmo que este é um ensemble cast não com bons actores mas sim com bons actores de acção onde todo o mundo tem o seu tempo de antena ( e de porrada, muita porrada). Os (anti)heróis vestem-se de preto e actuam na calada, os vilões são coloridos com seus camuflados, boinas vermelhas, usam pinturas de guerra e são tudo menos subtis, Eric Roberts ( o irmão menosprezado da Júlia ) mais uma vez volta a fazer o que sabe melhor: um sacana de primeira e que bem que se sai! É tudo tão despretensioso que dá que pensar…é tão mau que se torna bom. Não é um filme de Michael Bay onde o mau se torna ridículo, aqui dá para sentir que não estão gozando com os espectadores mas sim querem que nós gozemos com eles ( tipo não se riam de mim, riam-se comigo ).


Quanto ao argumento…do mais básico possível para não chatear muito. Bando de mercenários é contratado pela CIA para derrubar ditador sul-americano. E ponto. Ditador sul-americano, porque filme de acção com esse nome tem que ter um vilão traficante de droga; se fosse um terrorista islâmico traria o problema de ferir susceptibilidades e involutariamente se tornaria um assunto mais sério e político, mas esta malta está aqui para se divertir. Como filme de acção que se preze está repleto de one-lines memoráveis carregadas de bravura que um dia se tornarão parte da cultura popular. A violência é (bastante) gratuita mas em nenhum momento nos sentimos incomodados de tão caricata que chega a ser. Stallone e Statham em todo o filme fazem um braço de ferro para roubar as melhores cenas. Statham tem as melhores coreografias de lutas que tão bem mostrou na série TRANSPORTER e é definitavemente a estrela de acção dos tempos modernos, algo como o jovem aspirante ao ceptro de Stallone. Mas quem fica a ganhar mesmo é o gigante Dolph Lundgren que por uma vez se redime com uma personagem completamente antagónica ( todos nos lembramos que sempre teve mais sucesso como vilão que como herói e há muitos anos não o víamos no écran de cinema). Mickey Rourke tem pouco tempo de écran mas em cada segundo emite aquela energia de “coolness” total que nasce com uma pessoa, não em vão ele é conhecido como “Cool” Tool. E claro Jet Li por uma vez pisca o olho a Jackie Chan e esquece um pouco a sua seriedade, dando-nos um “pequeno” mercenário que se queixa constantemente de que precisa de um aumento porque a sua vida é difícil…por ser mais pequeno que os outros…quando sangra a ferida é maior LOL.
Mas a grande surpresa é
Terry Crews. Fartava-me de rir a vê-lo na série TODOS ODEIAM O CHRIS no papel de Julis, o pai do Chris Rock. Uma comicidade inata que aliada a uma presença física assustadora ( um enorme negro de 1.90mt e 100 kgs de músculo ) formam uma combinação completamente explosiva. E embora seja a personagem com menor exposição, é dele a melhor one-line:

“LEMBREM-SE DESTA MERDA
 QUANDO CHEGAR O NATAL”

Eu lembrar-me-ei na minha lista de dvd! Principalmente depois de ter “varejado” uns 20 soldados inimigos com balas explosivas. Sem dúvida dará uma boa t-shirt cinéfila, e minha escolha pessoal para “cena buéda bem filmada”. Como o filme só estreou na semana passada ainda não é possível colocar aqui esta cena, por isso aqui ficam os anúncios da Old Spice protagonizados pelo gajo. Um aviso: contem cenas eventualmente chocantes LOL.

É só para homens, os rapazes têm que esperar!
Tendo em conta que o actor mais novo ( Statham ) tem 36 anos, logicamente é o pessoal que cresceu a ver os filmes de acção dos anos 80 que se sente mais ligado a esta tropa de durões. Não há lugar para modelos de anúncios da CK que não têm cara para levar um estalo a não ser num filme. Não há lugar para hip-hop/pimp-music glorificando o modo de vida de gangsta-rap, em vez disse temos bom e velho rock´n ´roll e no genérico final…The Boys are Back in Town dos Thin Lizzy. E sim, estão de volta e de maneira! E claro, temos mulheres extremamente sensuais porque filme de macho tem que ter mulheres mas estas não se limitam a ser simples adereços; vivemos em tempos modernos e não é aceitável 25 anos depois que as mulheres sejam mostradas como simples objectos sexuais, daí que os próprios machos também revelem o seu lado sensível sem por isso cair na completa lamechice ( e ainda bem que Stallone não cometeu o erro do happy ending de JUDGE DREED ).

Só cá falta quem não está. 
Os gajos não tiveram
"huevos" para contratar
um duro de nascença!
"Pendejos"!!!
O governador Arnold Schwarzenegger teve os tomates para mais uma vez se auto-parodiar desta vez não apenas como ex-estrela de acção com quilos e rugas a mais mas como político na vida real e dá que pensar… seria um espectáculo se também entrasse o Chuck Norris a gozar consigo próprio e os inclassificáveis Chuck Norris facts mas é preciso ver, hoje em dia é um homem mais preocupado com a religião que em dar porrada…ou isso ou entrou em espírito: segundo um Chuck Norris fact, a razão de ele não ter entrado neste filme foi que teria matado todo o mundo no 1º minuto de filmagens, assim se o filme existe é porque o Chuck Norris deixou; Van Damme, talvez na tentativa de se reinventar a si próprio como tão bem fez em JCVD recusou o convite e a esta hora deve estar a tentar acertar na própria com um rotativo; Steven Seagall ainda bem que também recusou porque tem um ego maior que a sua própria barriga ( ou seja, inquantificável ) mas seria bom por uma vez vê-lo do lado dos maus (partindo desse princípio ) ; Wesley Snipes tá na choça por fuga fiscal; Jackie Chan teria que ombrear com Jet Li num papel já de si secundário e sendo o actor oriental mais bem pago limitar-se-ia a um cameo. O mesmo aconteceria com o Dwaine Johnson “The Rock”. Kurt Russell sempre foi um bom actor mas eu pagava por vê-lo voltar a ser um fodido completo tipo Snake Plissken ou… Jack Burton! E com direito a cabelinho à jogador da bola, bota de cowboy e tshirt de alças! E já agora o Vin Diesel, que tanto prometia como bom actor mas só entra em porcarias! E também pergunto...mas alguém esqueceu-se de falar com o DANNY TREJO?

RESPEITO!
Hoje em dia o Clint Eastwood deve ser o último verdadeiro durão do cinema...isto é, quando não dirige (bons) dramas intimistas. Em jeito de homenagem, e sem nenhuma ordem específica, alguns dos grandes duros do cinema que já nos deixaram.

De cima para baixo, da esquerda para a direita:
Charles Bronson, Lee Marvin, Jack Palance, Bruce Lee, John Wayne,
Charlton Heston, Steve McQueen, Humprey Bogart, Lino Ventura, James Coburn,
Yul Brynner, Toshiro Mifune, Burt Lancaster, Lee Van Cleef e...Ronald Reagan. 

Em comum tiveram a atitude, a imagem de completa frieza cultivada, muitos deles grandes actores de múltiplos recursos. Preguntarão assim que faz um actor mediocre como o Ronald Reagan aqui? Pois bem...alguém que cumpriu dois mandatos como Presidente dos EUA durante os anos 80 na Guerra Fria ao mesmo tempo que se debatia com uma doença ( que eu por respeito não menciono ) que em determinado momento podia atirar o mundo para uma guerra nuclear...é sem dúvida o maior durão de sempre!

E como foi no cinema?
Quando entrei no cinema a sala estava a 75%, practicamente casais, média de idade 25 anos ( porque a miudagem hoje em dia não tem dinheiro para cinema, apenas prós copos e downloads ilegais, o que é bom, odeio putos barulhentos no cinema ) . Ouviam-se muitas gargalhadas. No intervalo nenhum casal saiu por a companheira não estar a gostar do filme. No final todo o mundo pareceu sair satisfeito. Alguns até ficaram até bem avançado o genérico final. É disto que precisamos: puro escapismo psicológico sem termos que pensar muito, esquecer um pouco o mundo em que vivemos cheio de e violência reais. E principalmente, e atenção, não quero ser sexista neste comentário mas é sempre bom haver um filme de porrada pura e dura com gajos de pelo na venta onde um gajo possa levar a companheira sem que ela veja isso como uma obrigação, afinal homens e mulheres sempre foram diferentes e é por isso que a espécie humana ainda existe :D

E não deixa de ser irónico que o único gajo
com menos de 40 anos seja careca...

1 comentário:

drm disse...

ta uma critica muito completa, falta acrescentar o "shrek" a lista dos duros! hahaha

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